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Conservação do solo cria oportunidades de emprego no Brasil

Conservação do solo cria oportunidades de emprego no BrasilProfissionais formados em agronomia são os mais requisitados. Foto:Embrapa

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A urgência do agronegócio em aumentar a produção reduzindo a área aberta para plantação está alavancando a demanda por profissionais especializados em conservação do solo e recuperação de áreas degradadas. Segundo publicação da Folha de São Paulo deste domingo, 29/9, o Cerrado é a região que concentra a maioria das oportunidades em empresas de consultoria agrícola.

“Cerca de 40% dos solos agrícolas têm algum nível de degradação no Brasil. Entre os métodos de recuperação, o uso de plantas de cobertura e produtos à base de microrganismos é o mais recomendado. Felizmente, observamos um aumento dessa prática no campo”, afirma Maurício Cherubin, professor da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz).

Profissionais formados em agronomia são os mais requisitados por empresas de consultoria e cooperativas agrícolas para trabalhar com análise e manejo de solos. O curso é indicado porque se aprofunda no tema, com diversas disciplinas dedicadas especificamente ao estudo de solos agrícolas. Também há oportunidades para formados em cursos como engenharia florestal e geologia.

A maior demanda está na atuação em geoprocessamento e sensoriamento remoto, ferramentas de coleta e tratamento de dados para análise do uso da terra. No caso de  Nicolas Rodrigues, 28, que concluiu a pós-graduação em solos na Esalq há cinco meses, o conhecimento sobre o tema garantiu uma vaga na empresa BioServiços, em Primavera do Leste (MT), motivando sua mudança de Piracicaba (SP).

“Me interessei pela área de solos agrícolas ainda na graduação e decidi me especializar em solos no mestrado”, diz. “A empresa buscava profissionais especializados, e recebi uma indicação do meu professor orientador”, afirma.

Capacitação

Diante disso, especialistas apontam para um potencial de crescimento do mercado de trabalho envolvendo solos a partir da extensão científica no campo.

“Os maiores desafios são as qualificações técnicas especializadas e a conexão do produtor com as tecnologias que já existem”, afirma Rodrigo Demonte, pesquisador da Embrapa.

Para qualificação técnica, de nível médio, o Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) oferece aos produtores e trabalhadores rurais cursos profissionalizantes na modalidade de ensino à distância (EaD). Não existe um curso técnico específico para manejo de solos, mas o tema é abordado nos cursos de agricultura e agronegócio.

As formações técnicas são reconhecidas pelo MEC (Ministério da Educação) e pelo Conselho Federal de Técnicos Agrícolas, com diploma válido em todo o território nacional. Em 2023 foram capacitados 1.532 produtores e trabalhadores rurais.

Transição

Um estudo da CropLife Brasil publicado recentemente reforça o papel dos bioinsumos nesta transição, projetando um crescimento anual de 20% no mercado desse tipo de produto. Feitos de microrganismos, vegetais ou materiais orgânicos, eles são usados na agricultura para combater pragas e doenças e melhorar a fertilidade do solo, substituindo fertilizantes e pesticidas químicos.

Para projetos que visam substituir insumos químicos por alternativas ecológicas, AMD Agro seleciona profissionais com base nas pesquisas realizadas durante a pós-graduação. De acordo com o diretor da empresa, Bernardo Arnaud, 48, a maioria dos clientes vem de recomendações de universidades ou da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).

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