O Rio Paraguai registrou na quarta-feira, 2/9, a quarta menor cota histórica em Porto Murtinho (MS), atingindo 68 cm. Em Ladário (MS), a cota chegou a -54 cm. As informações são do último boletim do Serviço Geológico do Brasil (SGB). Desde o início do monitoramento, há 124 anos, apenas as cotas de -57 cm (1971), -60 cm (2021) e -61 cm (1964) superaram o nível atual. As informações são do Correio de Corumbá.
“O rio reduziu 9 cm em Ladário desde a última semana e, se continuar neste ritmo, pode registrar a mínima histórica até a semana que vem”, disse o pesquisador do SGB Marcus Suassuna.
Há previsão de chuva (31 mm) na bacia a partir do dia 10 de outubro. Nesta semana, o acumulado de chuvas foi de apenas 3 mm.
“Se for confirmada uma chuva generalizada e em um volume significativo, o processo de vazante pode estar mais perto do fim e pode ser um indício de recuperação dos rios a partir do final do mês. No entanto, mesmo após as chuvas, leva um tempo até os efeitos serem observados nos rios”, completou.
O aumento dos bancos de areia são também uma preocupação para a população que navega no Rio Paraguai, lembrou o G1. No início de setembro, um turista se acidentou e morreu nas proximidades do Porto Índio, após a embarcação bater em uma pedra e virar.
“Para evitar algum tipo de acidente nessa região (banco de areia ou pedra), é importante que as embarcações trafeguem com a velocidade mais baixa – comparando com um carro em uma via, se passarmos em um quebra molas com velocidade alta, a gente vai ter algum tipo de perigo – ou uma consequência, ou seja, o banco de areia é a mesma coisa”, explicou Marcelo Pinto Werneck, capitão fragata da Marinha.
O que significam os índices
Os índices negativos registrados nas réguas de medição do Rio Paraguai não indicam a ausência de água, mas sim que o nível do rio está abaixo do ponto de referência, ou “marco zero”. Segundo Artur Matos, coordenador nacional do Sistema de Alertas Hidrológicos do SGB, esses marcos não correspondem ao leito do rio, sendo assim, a ocorrência de valores negativos é esperada e faz parte da série histórica de dados.
“O zero da régua não é o fundo do rio. Quando a régua foi instalada, lá em 1900, por exemplo, como a de Ladário, o ‘zero’ da régua foi determinado. Não se mudou a régua para se ter a mesma referência. Podemos comparar a partir da mesma referência”, contextualizou o especialista.
Matos lembrou que piores secas no Pantanal foram em 1964 e 2021, quando o nível do rio atingiu −0,61 e −0,60 metros, respectivamente. O ano de 2020 também foi marcado por incêndios no bioma e o fogo consumiu cerca de 4 milhões de hectares – o equivalente à cerca de 26% do Pantanal.
“Com o nível do rio diminuindo, vamos a chegar a mesma dimensão ou até pior do que de 1964 e 2021. A previsão para Ladário é chegar próximo ao −60 cm ou menos ainda. A projeção é estimada a partir do que está acontecendo, com base no histórico e dados climáticos”, concluiu.