Por André Garcia
Em Washington, nos Estados Unidos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad ,e a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Marina Silva, lançaram a Plataforma de Investimentos em Transformação Climática e Ecológica do Brasil (BIP). A ferramenta, anunciada nesta quarta-feira, 23/10, ampliará a captação de recursos internacionais para programas ambientais em setores-chave, como o agronegócio.
A ideia é que, ao colocar potenciais financiadores em contato com bancos de desenvolvimento e organizações financeiras multilaterais, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), haja uma mobilização de capital em grande escala para garantir que o Brasil alcance suas metas de desenvolvimento climático. Uma delas é a de reduzir em 53% as emissões de gases do efeito estufa (GEE) até 2030.
Isso inclui o foco em combater o desmatamento e incentivar as práticas agrícolas sustentáveis, a descarbonização industrial, as soluções baseadas na natureza, as fontes diversificadas de energia renovável, o transporte sustentável e a bioeconomia.
“A plataforma é a realização de um ano e meio de iniciativas do Ministério da Fazenda que permitiram um novo horizonte para a agenda climática do Brasil”, disse Fernando Haddad. “É, portanto, a conclusão de um processo de estruturação de nossos marcos regulatórios e financeiros para investimentos verdes. Da mesma forma, é o início de outro processo, de uma nova onda de investimentos”, explicou.
Segundo Marina Silva, isso será essencial para a implementação do Plano Clima, atraindo investimentos de outros países para acelerar e dar escala à descarbonização da economia brasileira. “A Plataforma é um dos resultados da Força-tarefa para Mobilização Global contra a Mudança do Clima, inovação trazida pela presidência brasileira do G20”, disse ela.
A proposta conta com parceiros como Bloomberg Philanthropies, a Aliança Financeira de Glasgow para o Net Zero (GFANZ), o Fundo Verde para o Clima (GCF) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que será responsável pela Secretaria do BIP.
Setores prioritários
De acordo com o Governo Federal, a BIP inicialmente focará em três setores. O primeiro deles diz respeito às soluções baseadas na natureza e bioeconomia, incluindo a restauração e o manejo sustentável da vegetação nativa, a redução do desmatamento, a agricultura regenerativa e o manejo de resíduos.
Na temática indústria e modalidade serão catalisados esforços de descarbonização em setores como aço, alumínio e cimento, mobilidade urbana elétrica e fertilizantes verdes. No setor de energia, o objetivo é viabilizar energia solar off-grid, redes inteligentes, indústrias de energia eólica offshore, combustíveis sustentáveis, bioinsumos agrícolas, hidrogênio de baixo carbono, eficiência energética e minerais críticos.
Os projetos serão oriundos tanto do setor público quanto do privado, incluindo a possibilidade de apoiar propostas de transição de cidades e estados brasileiros. Dentro das áreas prioritárias, a Plataforma já identificou e incluiu projetos-piloto como meio de testar os critérios de seleção do modelo operacional da BIP. Esses projetos totalizam US$ 10,8 bilhões em capital a ser mobilizado.
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