Um estudo divulgado na terça-feira, 19/11, na COP29, revelou que o financiamento global para transformar a forma como produzimos alimentos e combater as mudanças climáticas precisaria ser 40 vezes maior para garantir um futuro sustentável e resiliente.
De acordo com o relatório, os sistemas agroalimentares, responsáveis por cerca de um quinto das emissões globais de gases de efeito estufa, necessitam de US$ 1,1 trilhão por ano em investimentos, até 2030. No entanto, as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), planos climáticos nacionais apresentados pelos países, subestimam drasticamente essa necessidade, propondo apenas US$ 201,5 bilhões anuais, revela o estudo realizado em parceria pela ClimateShot Investor Coalition (CLIC) e pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
Três grandes lacunas
A análise identificou três principais desafios para a transformação dos sistemas agroalimentares: planejamento, financiamento e dados. Os países, segundo o relatório, não estão alinhando suas metas climáticas nacionais com as necessidades globais de investimento no setor. Além disso, a falta de recursos financeiros e a escassez de dados precisos dificultam o planejamento e a implementação de políticas eficazes.
De acordo com o relatório a solução é a transição dos sistemas agroalimentares para sistemas de baixo carbono, que são resilientes e trarão benefícios climáticos significativos: redução natural das emissões de GEE, sequesto de carbono e restauração a biodiversidade e dos habitats naturais.
Consequências da inação
A falta de investimento nos sistemas agroalimentares pode ter consequências graves para o planeta e para a humanidade. O atraso na transição para sistemas mais sustentáveis e resilientes pode aumentar os custos de adaptação às mudanças climáticas, intensificar a insegurança alimentar e prejudicar a biodiversidade.
Oportunidade de negócios e ação climática
Apesar dos desafios, os autores do relatório veem uma oportunidade de negócios e ação climática. “Direcionar o financiamento para sistemas agroalimentares sustentáveis e resilientes é o investimento mais eficaz na ação climática”, afirma Kaveh Zahedi, da FAO.
O que está em jogo?
- Segurança alimentar: Sistemas agroalimentares resilientes são essenciais para garantir o acesso à comida para todos.
- Mudanças climáticas: A agricultura é uma das principais causas e também uma das principais vítimas das mudanças climáticas.
- Biodiversidade: Práticas agrícolas sustentáveis podem ajudar a proteger a biodiversidade e os ecossistemas.
- Oportunidades econômicas: A transição para sistemas agroalimentares mais sustentáveis pode gerar empregos e impulsionar a economia.
O relatório da COP29 serve como um alerta para a urgência de agir. Governos, empresas e instituições financeiras precisam unir forças para mobilizar os recursos necessários para transformar os sistemas agroalimentares e construir um futuro mais sustentável e justo.