Por André Garcia
O custo total da produção de soja em Sorriso aumentou 55,09% em sete anos, saltando de R$ 4.870,46 por hectare em 2015/16 para R$ 7.553,70 em 2022/23. Segundo estudo apresentado no XXXI Congresso Brasileiro de Custos na última semana, as despesas de custeio – como fertilizantes, sementes e defensivos agrícolas – representaram os maiores componentes.
Neste contexto, o maior impacto fica por conta dos fertilizantes, que sozinhos compuseram 33,98% do custo total em 2022/23. Enquanto a receita bruta subiu de R$ 6.052,66/ha para R$ 8.377,48/ha (38,41%), o lucro dos produtores caiu 30,3%. Para se ter ideia, no ciclo 2022/23, o lucro por hectare foi de apenas R$ 823,79, reflexo do aumento nos custos produtivos e da menor margem de retorno financeiro.
“A partir dos indicadores Receita, lucro, Relação Benefício-Custo e Ponto de Equilíbrio foi possível verificar um cenário de dificuldade financeira, elevação dos custos produtivos e diminuição do lucro” diz trecho do estudo, conduzido por Matheus Pawlina e Diego Pierotti Procópio.
A relação benefício-custo (RBC), que mede o retorno sobre o investimento, caiu de 1,24 em 2015/16 para 1,10 em 2022/23, indicando que, para cada R$ 1,00 investido, o retorno foi de apenas R$ 0,10 no último ano analisado.
De acordo com a pesquisa, o aumento dos custos também foi impulsionado por fatores externos, como a pandemia da COVID-19 e a guerra entre Rússia e Ucrânia, que elevaram os preços dos insumos, especialmente os fertilizantes. Durante a pandemia, as restrições sanitárias dificultaram o transporte e a comercialização, impactando a disponibilidade de insumos e a renda dos produtores.
Enfrentando desafios
A análise econômica apresentada reforça a importância de políticas públicas e iniciativas privadas que apoiem os produtores na redução de custos e na melhoria da eficiência produtiva. Da porteira para dentro, a otimização do uso de recursos e a busca por práticas mais eficientes podem ajudar a melhorar o desempenho econômico das propriedades rurais.
“Para melhorar o desempenho econômico, algumas ações podem ser realizadas pelos produtores rurais. Por exemplo, a adoção de tecnologias de precisão, como sensores de solo e sistemas de aplicação de fertilizante à taxa variável podem ser importantes para a otimização do uso dos insumos ao longo das áreas de cultivo”, aponta o estudo.
Em conjunto, é preciso avaliar e renegociar contratos de fornecimento de insumos e buscar alternativas mais econômicas que podem auxiliar na redução dos custos produtivos.
“A análise e o ajuste da estrutura de custos, focando especialmente nos itens que possuem uma maior participação no custo total, pode ser relevante para o desempenho econômico das propriedades rurais”, concluem os autores.
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