O Brasil conquistou um marco histórico na safra 2023/24 de algodão ao ultrapassar os Estados Unidos e se tornar o maior exportador do mundo, com 2,7 milhões de toneladas enviadas ao exterior. Essa liderança é fruto de décadas de investimentos em tecnologia, inovação e práticas sustentáveis que transformaram a cadeia produtiva do algodão brasileiro em referência mundial.
Com uma produção total de 3,7 milhões de toneladas, um aumento de 16%, de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o Brasil é destaque no mercado pela qualidade do algodão, que já atende a padrões tão exigentes quanto os do renomado algodão egípcio.
A trajetória histórica da última safra brasileira inclui a criação, em 2012, do protocolo Algodão Brasileiro Responsável (ABR), que estabelece critérios socioambientais rigorosos para a produção, com mais de 80% do algodão nacional seguindo essas diretrizes. A parceria com a Better Cotton Initiative (BCI), referência global em sustentabilidade, e a rastreabilidade da produção, com a utilização de QR Codes, foram fundamentais para aumentar a competitividade do Brasil no mercado internacional.
Em entrevista à Globo Rural, Márcio Portocarrero, diretor executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), destacou o longo caminho percorrido para que o Brasil assumisse a liderança da exportação de algodão.
“Nos anos 1990, investimos em conhecimento e tecnologia, recuperando lavouras devastadas pelo bicudo-do-algodão. Hoje, produzimos 1,9 mil quilos por hectare, enquanto a média mundial é de 400 quilos e, nos EUA, de 900 quilos”, destacou.
Ainda de acordo Portocarrero, com 70% da produção de algodão destinada ao mercado externo e o restante abastecendo o mercado interno, o produto brasileiro se consolidou como um símbolo de qualidade e sustentabilidade, impulsionado pela adesão de 1,7 mil marcas à campanha Sou de Algodão.