Por André Garcia
Agricultores brasileiros continuam sofrendo com a instabilidade do clima na safra de soja 2024/2025. Com atrasos nos principais polos de produção, apenas 3,2% do território plantado foi colhido até agora, percentual bem inferior aos 8,6% registrados no mesmo período do ciclo passado.
Os números fazem parte de boletim semanal divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) nesta terça-feira, 28/1 e mostram que no Centro-Oeste, região responsável pela maior parte dos grãos brasileiros, a área colhida até 26 de janeiro era de apenas 7,9%. No começo de 2024 essa porcentagem era de 27,9%.
A queda nos índices é resultado tanto da seca quanto do excesso de chuva. Em Mato Grosso, por exemplo, tempestades vêm dificultando a entrada das máquinas no campo, e a área colhida nesta safra é de 3,6%, enquanto no mesmo período do ano passado essa porcentagem era de 18,94%.
De acordo com a Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja-MT), a situação é pior entre as regiões leste e médio norte, onde a água vem caindo com mais força nos últimos 20 dias, tendo acumulado 400 milímetros. Diante dos altos índices, 29 municípios já decretaram situação de emergência.
Já no Mato Grosso do Sul, o problema é a seca. Segundo o projeto SIGA-MS, cerca de 1,7 milhão de hectares de soja, ou 38% do total plantado no Estado, estão afetados pelo estresse hídrico. Neste cenário os produtores precisaram esperar mais que em outros anos e a Conab estima que a colheita tenha chegado agora a 4,0% da área.
O impacto é sentido principalmente pelos municípios da região sul, que contabilizaram 30 dias de seca moderada, com poucas chuvas variando entre 1,4 mm e 66,6 mm, e 10 dias de seca severa, sem precipitações. A Aprosoja MS informou que as lavouras mais atingidas são aquelas implantadas entre setembro e meados de outubro.
Em Goiás, assim como nos seus vizinhos, a seca de 2024 empurrou o plantio de setembro para outubro/novembro. Com isso, a colheita só começará oficialmente nesta sexta-feira ,31/1. Ainda assim, algumas fazendas da região sudoeste já iniciaram os trabalhos e no Estado, a área colhida até agora chega a 0,3% contra 5,0% registrados em 2024.
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