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Agrofloresta impulsiona produção de mel e mantém jovens no campo

Agrofloresta impulsiona produção de mel e mantém jovens no campoTodos os membros da família estão envolvidos na implementação da ILPF. Foto: Reprodução/Embrapa

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Por André Garcia

O plantio de baru aliado ao cultivo de grãos e à criação de gado é a aposta de Roque Vanderlei Soares e Ezilda Soares para potencializar os resultados da produção de mel e garantir a continuidade da família à frente do Sítio Nossa Senhora Aparecida, em Guia Lopes da Laguna (MS), onde começaram o negócio há mais de 20 anos.

Associada à agrofloresta, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) vai melhorar os resultados da apicultura, que responde por 60% da renda familiar. Isso porque a combinação, que incluiu outras espécies nativas, regula a temperatura e a umidade do ambiente, protege as colmeias e garante uma oferta contínua de néctar e pólen.

“Nós dividimos seis hectares em três piquetes e vamos plantar mais baru em uma parte que vai ser consorciada com a uva Japão e com as árvores nativas que já temos, como a guavira, a goiabinha e o araçá do campo. Preparamos a terra e já deixamos essas árvores que vão consorciar junto com as outras e o pasto”, conta Roque.

Segundo a Embrapa, que presta assistência aos Soares, o solo também foi preparado para a pastagem e outras culturas alimentares, que serão usadas tanto para consumo próprio quanto para a venda de excedentes.  Todos esses processos envolvem o trabalho das mulheres, que têm voz ativa na tomada de decisões sobre o sítio.

Pastagem foi recuperada para receber o gado no sítio Sabor da Natureza. Foto: Reprodução/Embrapa

“Nosso papel é estarmos [presentes] em todas as etapas: a gente colhe, planta, cuida dos animais, vacina os animais, e muitas outras coisas. Temos o papel de estar na luta junto com os homens da casa”, explica Ezilda.

Sucessão familiar

A ILPF começou a ser implementada recentemente com ajuda dos dois filhos do casal: Paulo Soares, de 22 anos, e Maria Eduarda Soares, de 18.  Os estudantes, que hoje têm papel ativo na administração do negócio, também são responsáveis pelas mudanças trazidas pelo sistema, tendo participado do projeto desde a sua elaboração.

“Com relação ao apiário a gente vai estudando o que poderia dar certo. Aí criamos o mel com baru, que é a novidade atual do sítio. Temos sabonete com mel e o colorau”, exemplifica Maria Eduarda.

Produtos derivados de mel do sítio Sabor da Natureza – Foto: Rafael Rocha/Embrapa

Diante das oportunidades de melhoria de renda, Paulo conta que não pensa em deixar a propriedade. Cursando administração, ele encontrou na graduação online a possibilidade de se qualificar e permanecer no sítio.

“Estamos fazendo uma transformação cultural na região e agregando também conhecimento para nós mesmos. Logo, isso agrega mais bem-estar social além de dar uma gratificação pessoal, porque a gente consegue abrir melhor as ideias para novas oportunidades e novos modelos de trabalho”, reforça Paulo.

Digitalização

A contribuição dos irmãos ganha força com o uso de ferramentas digitais. Os dados da apicultura, por exemplo, já são mensurados e analisados por meio de um aplicativo, que no final de todo mês gera uma planilha específica com informações sobre cada colmeia. Assim, é possível saber o que cada uma está produzindo e o que está precisando.

“A internet com melhor velocidade possibilita a gente estudar, trabalhar, vender e fazer pesquisas em outras áreas que podem ampliar [os resultados] como a publicidade do sítio e uma comunicação mais eficiente para as vendas”, avalia Paulo ao citar a página do sítio no Instagram, onde vídeos e fotos mostram os produtos e a rotina no campo.

Reflorestamento e recuperação de pastagem

O Sítio Nossa Senhora Aparecida faz parte do projeto Semear Digital, que viabilizou economicamente o reflorestamento e recuperação do pasto de outras propriedades na região do Assentamento Rio Feio. Baseado no projeto SustentAgro, o trabalho conta com suporte da Embrapa e da Rede ILPF.

De acordo com a Embrapa, em cerca de três anos os sistemas estarão maduros. Até lá, os profissionais acompanharão os próximos passos por meio de sensoriamento remoto. A ação conta ainda com suporte da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul e da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer).

 

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