Por André Garcia
A partir da combinação genética de sementes e técnicas de manejo, produtores de arroz podem reduzir em até 70% a emissão de metano nas plantações. É o que aponta um grupo de pesquisadores suecos e chineses que descobriram como regular duas substâncias liberadas pelas raízes da planta: o fumarato e o etanol.
De acordo com o estudo, publicado na revista científica Molecular Plant, o fumarato estimula a produção de metano porque alimenta microrganismos que geram esse gás. Já o etanol tem o efeito contrário e reduz a atividade desses microrganismos e diminui a liberação de metano.
“Descobrimos que o fumarato na raiz do arroz é produzido a partir do acetato por meio do propionato e do succinato e, ao ser liberado no solo, é oxidado a propionato antes de ser convertido via acetato em metano como produto final”, apontam em trecho da publicação.
A liberação do fumarato é um processo natural e uma das principais causas das emissões de metano nos arrozais. Ao investigarem sua produção, os cientistas concluíram que a substância é formada dentro da raiz a partir de outros compostos e, ao chegar ao solo, passa por transformações químicas até ser convertida em metano.
Reduzindo emissões
Após três anos de testes em áreas de cultivo, a conclusão pode ser uma das respostas para que o agronegócio possa minimizar seus impactos e atender às demandas por sustentabilidade, já que no Brasil a agropecuária responde por cerca de um terço das emissões de gases de efeito estufa, como o metano.
Na safra 2022/2023, a área plantada de arroz no Brasil foi de 1,48 milhão de hectares, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Na região Centro-Oeste, terceira maior produtora do País, o impacto da descoberta poderia abranger uma área de mais de 160 mil hectares.
Alto rendimento
Tecnologias como a clonagem baseada em mapas e o sequenciamento genômico de alto rendimento, como a feita pelos pesquisadores, estão tornando mais fácil encontrar e isolar genes de interesse, mesmo quando estão localizados em regiões complexas do genoma. Isso deve aumentar a produtividade e a sustentabilidade na agricultura.
“O uso de métodos como TILLING (mutagênese dirigida) e FIND-IT (identificação rápida de variantes nucleotídicas) também oferece avanços significativos, acelerando o processo de isolamento e mapeamento de genes responsáveis por características desejáveis, impactando diretamente no melhoramento de culturas”, conclui a pesquisa.
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