Após uma longa sequência de recordes, fevereiro de 2025 quebrou a tendência dos últimos meses e não foi o mais quente da história. Dados do observatório europeu Copernicus apontam que, embora tenha sido o terceiro fevereiro mais quente já registrado, houve uma leve redução na temperatura global em comparação com os meses anteriores.
Foi a primeira vez desde junho de 2023 que um mês não bateu um novo recorde de calor global. Apesar disso, especialistas alertam que as temperaturas seguem elevadas e preocupantes, mantendo o risco de eventos climáticos extremos.
Segundo o levantamento, em fevereiro a temperatura média global da superfície terrestre ficou 1,59°C acima da média pré-industrial. Isso representa uma redução de 0,18°C em relação ao último recorde, registrado em 2024.
Apesar da queda pontual, essa temperatura média global ficou acima de 1,5°C, que é valor considerado um limite crítico pelo Acordo de Paris para o equilíbrio climático. No entanto, esse patamar só é considerado rompido quando a média global ultrapassa 1,5°C ao longo de 20 anos. Ainda assim, o fato de fevereiro ter sido o 19º dos últimos 20 meses acima desse patamar reforça a situação bastante preocupante.
Ondas de calor no Brasil
O relatório do Copernicus considera a média global, mas algumas regiões registraram temperaturas ainda mais elevadas. No Brasil, houve recordes, com ondas de calor sucessivas atingindo diversas áreas ao longo do mês.
Outro fator preocupante é o derretimento das calotas polares. No Ártico, o gelo marinho atingiu a menor extensão já registrada pelo terceiro mês consecutivo, enquanto na Antártida há indícios de que a camada de gelo pode estar no menor nível já observado para a temporada. Essa confirmação deve ocorrer nas próximas análises climáticas.
A temperatura dos oceanos também trouxe um alerta importante. Em fevereiro, a média da superfície do mar foi de 20,88°C, o segundo maior valor já registrado para o mês. Esse índice ficou apenas 0,18°C abaixo do recorde de fevereiro de 2024, quando o fenômeno El Niño ainda estava ativo.
Os oceanos funcionam como reguladores térmicos, absorvendo parte do calor da atmosfera. Quanto mais quentes eles estão, maior a tendência de novos recordes de calor global e eventos climáticos extremos, como tempestades intensas e períodos prolongados de seca.
Fator de risco para a agropecuária
Para os produtores agropecuários, a persistência de temperaturas elevadas e oscilações climáticas segue como um fator de risco, afetando o regime de chuvas e aumentando os desafios para a produtividade no campo. O solo pode ficar mais seco em algumas regiões, enquanto outras enfrentam excesso de chuvas, impactando o cultivo e a pecuária.
Essa pequena trégua nas temperaturas serve como um alerta para a importância de práticas sustentáveis e estratégias de adaptação para minimizar os impactos das mudanças climáticas na produção agrícola.