Um novo bioinseticida (inseticida natural que age só na praga) contra a lagarta-do-cartucho demonstrou eficácia de mais de 85%. Chamado de Virumix, o produto age de forma específica no intestino da lagarta, causando sua destruição. A lagarta-do-cartucho é uma das pragas agrícolas mais agressivas do País, atacando mais de 200 culturas importantes como milho, soja, arroz e algodão.
Desenvolvido pela Embrapa Milho e Sorgo, em parceria com o Instituto Mato-Grossense do Algodão (IMAmt) e a Cooperativa Comdeagro, o Virumix foi testado no campo nas safras 2021/2022 e 2022/2023, nos municípios mato-grossenses de Primavera do Leste, Campo Verde e Rondonópolis.
O produto é inofensivo a plantas, animais e seres humanos, porque é feito a partir de um baculovírus entomopatogênico, altamente específico contra a lagarta-do-cartucho. Por essa característica de ser biológico, ele pode ser utilizado inclusive em plantações orgânicas, além de não matar insetos que são inimigos naturais da praga. O bioinseticida representa uma alternativa sustentável para os produtores rurais, reduzindo o uso de produtos químicos e os impactos ambientais.
Como é feita a aplicação
Segundo os pesquisadores, o momento da aplicação é fundamental para garantir bons resultados. A pulverização deve ser feita quando as lagartas ainda estão pequenas, com menos de 1 centímetro de comprimento, e preferencialmente no início da manhã ou após as 16 horas, quando as temperaturas são mais amenas.
A recomendação é usar 50 gramas por hectare, diluídas em 90 a 120 litros de água, com a adição de um espalhante adesivo para garantir cobertura adequada das folhas. O efeito do produto dura, em média, 10 dias após a aplicação, podendo variar conforme as condições do clima.
“O processo de aplicação deve considerar alguns fatores importantes e o primeiro deles é que a cultura deve ser monitorada semanalmente para se detectar o nível de ataque da lagarta-do-cartucho desde os estágios de desenvolvimento iniciais das plantas”, explica o pesquisador da Embrapa Fernando Hercos Valicente, que conduziu o desenvolvimento do Virumix.
Os testes realizados em lavouras de milho e algodão no Mato Grosso mostraram que o Virumix é estável e eficiente, mesmo quando comparado a outros produtos semelhantes. Segundo o diretor executivo do IMAmt e da Comdeagro, Álvaro Salles, o novo produto poderá ser integrado ao Manejo Integrado de Pragas (MIP), em conjunto com outros inseticidas e fungicidas.
“Por ser biológico, o Virumix garante segurança para os trabalhadores rurais, e ainda poderá ser utilizado por produtores de todos os portes, desde o familiar até o empresarial. Inclusive, sua formulação em pó molhável facilita o armazenamento e a conservação do produto”, ressalta Salles.
O bioinseticida será produzido em uma nova biofábrica em Sorriso (MT) e, inicialmente, será vendido em embalagens de 2 quilos, suficientes para tratar até 40 hectares. Futuramente, versões menores devem ser disponibilizadas, beneficiando também pequenos agricultores.