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Nova tecnologia ajuda na rastreabilidade da pecuária

Nova tecnologia ajuda na rastreabilidade da pecuáriaTecnologia ajuda produtor a cumprir exigências de mercado Foto: CNA

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A pecuária de corte no Brasil está dando um passo importante para garantir que a carne produzida aqui, tanto para o mercado interno quanto para exportação, seja feita com responsabilidade ambiental. E, nesse processo, uma nova ferramenta tem ganhado destaque: a tecnologia blockchain.

Esse sistema moderno ajuda a dar mais segurança, transparência e confiança em todas as etapas da produção de carne — do pasto ao prato.

A ideia é simples: para combater o desmatamento e diminuir os gases que causam o aquecimento global, é preciso saber com exatidão como o boi foi criado. Isso inclui o que ele comeu, como foi tratado, se a fazenda respeita o meio ambiente e se não está emitindo mais poluição do que o permitido por lei.

Essas informações são monitoradas por sensores e imagens de satélite e, depois, organizadas em relatórios que seguem regras internacionais, como o GRI (Global Reporting Initiative) e o GHG Protocol Agropecuário.

Mas como garantir que ninguém mude ou fraude esses dados? Aí entra o blockchain.

O que é blockchain?

O blockchain é como um livro de registros digital, só que muito mais seguro. Em vez de guardar os dados em um só lugar, ele espalha essas informações por uma rede de computadores. E para mudar alguma coisa, todos na rede precisam concordar. Isso significa que ninguém consegue apagar ou alterar os dados sem autorização.

Com isso, o produtor tem mais segurança e o comprador mais confiança. A tecnologia também ajuda a evitar erros ou informações repetidas, além de facilitar o controle de cada etapa da cadeia produtiva.

Monitoramento em tempo real

Em entrevista à Exame, Paulino Gaspar, diretor executivo da GPX Tecnologia e Investimento, que apresentou o sistema durante o Show Rural Coopavel 2025, no Paraná, explica:

“Avaliamos tudo, desde a alimentação e consumo de água e energia até o tipo de manejo empregado na propriedade. O monitoramento do crescimento do animal pode ser realizado via satélite ou por sensores de medição direta dos dejetos”.

Essa tecnologia é uma aliada do produtor na hora de atender às novas exigências do mercado. A União Europeia, por exemplo, aprovou uma Lei Antidesmatamento (EUDR) que vai proibir a entrada de produtos vindos de áreas que foram desmatadas.

Além disso, o Brasil também criou regras mais rígidas com a nova Lei do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões. Agora, quem ultrapassar os limites de emissão — entre 10 mil e 25 mil toneladas de CO2 (dióxido de carbono), dependendo do porte da atividade — terá que compensar ou reduzir a poluição.

Com o blockchain, o produtor consegue comprovar que está dentro da lei e que sua carne é produzida de forma sustentável. Isso também valoriza o produto no mercado internacional.

Funcionamento na prática

Tudo começa na fazenda, com o registro das informações sobre o dia a dia da criação: alimentação dos animais, uso de água e energia, tipo de manejo do solo e sistema de criação (confinado ou a pasto). Depois, as informações seguem para a indústria, onde continuam sendo monitoradas — incluindo uso de água, produtos químicos, entre outros.

Esses dados são todos calculados e registrados no blockchain. E, se a fazenda tiver boas práticas ambientais, ainda pode gerar créditos de carbono, como quando há preservação de áreas legais ou uso de tecnologias como reuso de água ou captação da chuva.

Segundo Paulino Gaspar, entrevistado pela Exame, o custo do sistema varia conforme o tamanho da fazenda. Para um rebanho de 100 cabeças, por exemplo, o investimento é de cerca de R$ 30 mil.

Mas ele garante que há alternativas para quem tem menos recursos.

“Uma delas é transformar áreas preservadas da propriedade em créditos de carbono, que podem ser vendidos ou usados para reduzir o custo do monitoramento”, explica.

Além de cumprir as leis ambientais, o uso da tecnologia blockchain torna a carne mais valorizada, especialmente para exportação. E o sistema ainda pode ser usado em outras atividades, como conservação ambiental, agricultura regenerativa e pecuária de baixo carbono.