HomeEcologia

Fogo no Cerrado se concentra em áreas agropecuárias

Fogo no Cerrado se concentra em áreas agropecuáriasLavouras de soja e cana estão entre as áreas mais atingidas. Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

Seca no Pantanal é impulsionada por avanço de pastagem
COP-27: Agro tem vantagem econômica nas mãos se trilhar caminho da recuperação florestal
Crédito rural e informação podem elevar produtividade bovina

Por André Garcia

Mais da metade dos 37.836 ha queimados no Cerrado em março de 2025 (52%%)  era usada para atividades agropecuárias. O bioma, que cobre grande parte do Centro-Oeste, foi o segundo mais afetado pelo fogo no Brasil em março, com alta de 80% nos registros em relação ao mesmo mês de 2024.

Segundo dados do MapBiomas divulgados nesta quarta-feira, 16/5, entre as áreas mais atingidas estão as lavouras de soja (19,3%), as pastagens (13,6%) e as plantações de cana-de-açúcar (8,3%). Cerca de 40% englobam a vegetação nativa típica, formada por gramíneas, arbustos e árvores espaçadas.

Crédito: MapBiomas

Na região, a combinação de vegetação altamente inflamável, falta de manejo e avanço da fronteira agrícola forma um cenário de risco, com prejuízos que ultrapassam as lavouras e atingem reservas legais, nascentes e corredores ecológicos.

Não à toa, os números do Cerrado destoam do observado nos demais biomas brasileiros, que registraram queda ou estabilidade nas áreas queimadas. Na Amazônia, por exemplo, a redução foi de 92% em relação a março do ano passado, enquanto no Pantanal a queda foi de 86%.

Ponto fora da curva

Além disso, no acumulado do primeiro trimestre de 2025, o Cerrado registrou 91,7 mil hectares queimados, o que significa um crescimento de 12% em relação ao mesmo período de 2024. O número está 106% acima da média histórica para os três primeiros meses do ano.

Para a pesquisadora do IPAM e do MapBiomas Fogo, Vera Arruda, o contraste com a tendência de redução observada em outros biomas acende um alerta para a chegada da estação seca, que começa a partir de agora e, historicamente, traz o aumento dos focos de incêndios.

“O período de chuvas na maior parte dos biomas resultou em um uma redução geral das áreas queimadas. No entanto, o Cerrado apresentou a maior área queimada no primeiro trimestre em comparação aos últimos anos, o que reforça a necessidade de estratégias específicas de prevenção e combate ao fogo de cada bioma”, avalia.

 

LEIA MAIS:

Solo fica menos fértil com monocultura do que pegando fogo

MT proíbe uso do fogo em todos os biomas

Fogo e seca reduzem capacidade da Amazônia de se manter viva

Governo antecipa combate ao fogo em áreas vulneráveis

Fogo leva Amazônia ao pior nível de degradação em 15 anos

Prejuízo na pecuária: fogo destrói 44% das pastagens plantadas no Brasil

Fogo destrói área 10x maior que desmate na Amazônia

Fogo modifica estrutura da floresta e coloca em risco equilíbrio climático

PF faz operação contra suspeitos de provocar ‘muralha de fogo’ no Pantanal

Entenda a diferença entre manejo com fogo, contrafogo e queimada