Por André Garcia
Mais da metade dos 37.836 ha queimados no Cerrado em março de 2025 (52%%) era usada para atividades agropecuárias. O bioma, que cobre grande parte do Centro-Oeste, foi o segundo mais afetado pelo fogo no Brasil em março, com alta de 80% nos registros em relação ao mesmo mês de 2024.
Segundo dados do MapBiomas divulgados nesta quarta-feira, 16/5, entre as áreas mais atingidas estão as lavouras de soja (19,3%), as pastagens (13,6%) e as plantações de cana-de-açúcar (8,3%). Cerca de 40% englobam a vegetação nativa típica, formada por gramíneas, arbustos e árvores espaçadas.

Crédito: MapBiomas
Na região, a combinação de vegetação altamente inflamável, falta de manejo e avanço da fronteira agrícola forma um cenário de risco, com prejuízos que ultrapassam as lavouras e atingem reservas legais, nascentes e corredores ecológicos.
Não à toa, os números do Cerrado destoam do observado nos demais biomas brasileiros, que registraram queda ou estabilidade nas áreas queimadas. Na Amazônia, por exemplo, a redução foi de 92% em relação a março do ano passado, enquanto no Pantanal a queda foi de 86%.
Ponto fora da curva
Além disso, no acumulado do primeiro trimestre de 2025, o Cerrado registrou 91,7 mil hectares queimados, o que significa um crescimento de 12% em relação ao mesmo período de 2024. O número está 106% acima da média histórica para os três primeiros meses do ano.
Para a pesquisadora do IPAM e do MapBiomas Fogo, Vera Arruda, o contraste com a tendência de redução observada em outros biomas acende um alerta para a chegada da estação seca, que começa a partir de agora e, historicamente, traz o aumento dos focos de incêndios.
“O período de chuvas na maior parte dos biomas resultou em um uma redução geral das áreas queimadas. No entanto, o Cerrado apresentou a maior área queimada no primeiro trimestre em comparação aos últimos anos, o que reforça a necessidade de estratégias específicas de prevenção e combate ao fogo de cada bioma”, avalia.
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