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Fundo quer investir meio bilhão na agricultura regenerativa em Goiás

Fundo quer investir meio bilhão na agricultura regenerativa em GoiásTransição pode levar até cinco anos e deve ser considerada. Foto: Embrapa

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Um novo fundo está sendo estruturado para impulsionar a agricultura regenerativa no Brasil. A proposta é unir crédito acessível e assistência técnica especializada, focando inicialmente em produtores de grãos na região de Rio Verde, em Goiás.

De acordo com publicação da Reset, o fundo é fruto de uma parceria entre a gestora Iwá e o Grupo Associado de Agricultura Sustentável (Gaas). A meta é captar R$ 500 milhões por meio de direitos creditórios – um FIDC, com retorno aos investidores baseado na concessão de crédito rural para práticas regenerativas.

Segundo a reportagem, o modelo atual de financiamento agrícola prioriza o custeio de insumos convencionais. Já a agricultura regenerativa exige uma lógica diferente, voltada ao processo de transição produtiva, que pode levar de três a cinco anos.

O Gaas reúne uma rede de cerca de 3 mil agricultores, técnicos e consultores. A entidade será responsável por oferecer assistência contínua aos produtores, apoiando a adoção de técnicas como rotação de culturas, adubação orgânica e uso de bioinsumos.

Experiências locais demonstraram que esse tipo de manejo aumenta a resiliência climática e reduz custos. Em Rio Verde, associados ao Gaas mantiveram a produtividade da soja mesmo durante longas secas recentes no Cerrado.

Mais produtividade, menor custo e ativos ambientais

Além disso, a substituição de insumos químicos importados por produtos biológicos locais reduziu os custos de produção em até 50%, segundo o Gaas. A estabilidade da receita e a previsibilidade de gastos fortalecem a tese de crédito do projeto.

A proposta é financiar 40 mil hectares na primeira fase, com propriedades variando de 400 a 8 mil hectares. O crédito terá juros mais baixos e poderá ser garantido pela produção. A assistência técnica será oferecida ao longo de todo o ciclo.

O fundo também prevê remuneração extra aos investidores com ativos ambientais, como créditos de carbono ou biodiversidade. O modelo busca conectar os benefícios da regeneração com novas formas de valor financeiro.

A Iwá negocia com organismos multilaterais para estruturar um modelo de financiamento híbrido, com cotas subordinadas que reduzam riscos e atraiam mais investidores ao fundo. A ideia é tornar o modelo replicável em outras regiões.

Além do crédito e da assistência, o projeto busca promover uma mudança estrutural no agro, com foco em logística, formação técnica e comercialização de produtos regenerativos. A expectativa é tornar esse modelo referência para o setor.

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