O Brasil pode perder uma doação internacional de R$ 145,3 milhões destinada à recuperação da vegetação nativa do Cerrado. O valor seria usado em ações ambientais em áreas degradadas pela pecuária e pelo cultivo de soja, e corre o risco de ser perdido se o governo federal não oficializar o acordo até o dia 2 de junho deste ano.
O projeto, chamado GEF Vertentes, é financiado pelo Fundo para o Meio Ambiente Global (GEF, na sigla em inglês) e gerido pelo Banco Mundial. A iniciativa prevê medidas para regenerar áreas degradadas em cinco estados — Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Bahia — além do Distrito Federal, abrangendo cerca de 47 milhões de hectares do Cerrado.
A proposta inclui apoio técnico direto aos produtores rurais, diagnóstico de áreas e orientações para adotar práticas sustentáveis, como recuperar pastagens antigas em vez de desmatar novas áreas. O Instituto Interamericano de Cooperação para Agricultura (IICA) será o responsável por colocar o projeto em prática, mas para isso é preciso que o acordo seja oficialmente assinado e publicado.
Documento enviado ao governo brasileiro, o Banco Mundial cobrou agilidade na tramitação. O alerta veio por meio de um ofício assinado pelo economista sênior Leonardo Bichara Rocha, que lembrou que o prazo final para formalizar o projeto já foi prorrogado e agora se aproxima rapidamente.
A urgência se dá também porque o Cerrado tem sofrido pressões crescentes. Houve aumento de 6% no desmatamento os dois primeiros meses de 2025 , segundo dados do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Isso sem contar o aumento recorde no número de queimadas no bioma, o que torna ainda mais importante a implementação de ações de recuperação e proteção.
Fonte: Folha de S.Paulo
LEIA MAIS:
Desmate recua na Amazônia mas mantém ritmo acelerado no Cerrado
Amazônia, Cerrado e Pantanal respondem por 95% das queimadas