As tempestades de poeira têm sido frequentes no Centro-Oeste e Sudeste brasileiros. Depois de causar estragos e mortes em cidades paulistas e ser registrado em outros Estados, o fenômeno conhecido como haboob voltou a matar, desta vez em Mato Grosso do Sul. Na última sexta-feira, 15/10, sete pessoas, sendo quatro da mesma família, morreram após um barco-hotel naufragar no rio Paraguai, próximo a Corumbá, por conta da ventania.
A má notícia, de acordo com meteorologistas, é que a frequência do fenômeno deve aumentar nos próximos anos. Especialistas ouvidos pelos principais jornais são unânimes em afirmar: as mudanças climáticas, com períodos mais prolongados de secas e temperaturas em elevação, são as grandes responsáveis pelo problema.
Nesse contexto, o desmatamento na Amazônia ganha o centro dos debates. A umidade da floresta ajuda a regular o regime de chuvas do Sudeste. Conforme a área sem cobertura vegetal aumenta, maiores são as chances de um desequilíbrio das condições climáticas que levam à formação de nuvens.
O haboob, antes raro por aqui, mas bastante comum em regiões áridas pelo mundo, é causado por temporais de chuva com ventos fortes que, ao entrarem em contato com o solo muito seco, encontram resquícios de queimada, poeira e vegetação seca. Segundo meteorologista Walesca Rodriguez Fernandes, ouvida pelo G1, essa combinação causa uma espécie de “rolo compressor” gigante de sujeira que pode chegar a até 10 quilômetros de altura. A ventania forte vem associada à fuligem e sujeira.
Na última sexta-feira, a chuva e os fortes ventos chegaram a 94,5 km/h vindos da Patagônia, segundo o site MetSul, derrubando a temperatura de 33 para 18 °C em Campo Grande.
A tempestade de areia transformou o dia em noite e assustou moradores de oito municípios do nosso Estado, além da capital: Dourados, Corumbá, Sidrolandia, Ponta Porã, Douradina, Miranda, Dois Irmãos do Buriti, Aquidauana.
O fenômeno que atingiu a região foi sentido também por passageiros de um voo da empresa aérea Azul. O avião, que fazia a rota entre Campo Grande e Campinas, decolou justamente quando começou a tempestade e enfrentou fortes turbulências durante praticamente todo o trajeto. Um pesadelo, segundo os passageiros, mas sem maiores danos.