O biocombustível foi tema de uma das discussões desta quarta-feira, 3/11, no Pavilhão Brasil da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 (COP26), que ocorre na Escócia até o dia 12 de novembro. Se por um lado, o foco do evento estão no desmatamento e a proteção das florestas, como a Amazônica, por outro estão os setores industriais do mundo moderno que mais emitem gases de efeito estufa (GEE), como o de transporte aéreo comercial, responsável por uma média de 4% das emissores de GEE do planeta.
As alternativas de solução do problema não são fáceis por envolver pesquisas ainda não conclusivas com o bioquerosene, altos investimentos e infraestrutura precária, no Brasil, para o desenvolvimento dessa possível transição de combustíveis fósseis para uma indústria aérea movida por biocombustíveis. Além disso, a necessidade por transporte aéreo só deve aumentar nos próximos anos.
Mas, para o CEO da BSBIOS, Erasmo Carlos Battistela, a posição dos biocombustíveis nessa discussão é primordial. “No Brasil, os biocombustíveis são vistos como uma energia limpa e sustentável para o futuro, fruto de uma bonita história de políticas públicas e investimentos privados que desenvolveram esse patrimônio nacional e levaram o país a ser referência mundial”, disse Battistella.
O empresário citou os dois segmentos de transporte mais poluidores para um entendimento de qual setor está mais avançado na preservação ambiental. O marítimo, que trabalha com um combustível que polui ainda mais, por não ser tão refinado como o de veículos, e tem consumo muito grande, e o transporte aéreo. Neste já há um acordo internacional, chamado Corsia, que estabelece metas para a introdução de combustíveis sustentáveis na indústria aérea.
“Sei que os fabricantes de avião estão tentando implementar tecnologias. Mas hoje o que temos é o bioquerosene, que tem rota diferente do biodiesel por usar o hidrogênio para hidrogenar as gorduras. E temos o SAF (Sustainable Aviation Fuels), que é um hidrocarboneto pelo qual chegamos à mesma molécula do petróleo, mas por via das energia renovável”, afirmou.
Já do lado marítimo, ainda não está claro. As reduções de GEE podem vir por meio do uso de hidrogênio no combustível, outros cientistas avaliam o uso de amônia, outros o biocumbustível. Ou seja, o caminho é longo e mais árduo.
“Não há nenhuma tecnologia hoje desruptiva que possa substituir os combustíveis fosseis”, resumiu o CEO.
A BSBIOS já produziu, desde 2011, 4,9 bilhões de litros de biodiesel, o que corresponde a 9,4 milhões de toneladas de CO2 evitados.
“Precisamos que a COP26 reconheça esse protagonismo em um cenário de sustentabilidade para que o produto esteja contemplado imediatamente nas políticas públicas em vários países, gerando um ar mais limpo nas grandes cidades e empregos verdes no campo”, cobrou.
Ele acrescentou que o Brasil precisa “urgentemente” adotar medidas reais para já, para agora, e os biocombustíveis estão aí para contribuir no desenvolvimento de alternativas verdes contra as mudanças climáticas.
Pongâmia
O empresário também destacou a importância de convencer os investidores institucionais e os setores financeiros a comprometer quantias significativas de capital no combate às mudanças climáticas. O próprio ECB Group, do qual a BSBIOS faz parte, está explorando o potencial dos biocombustíveis da segunda onda por meio do projeto Omega Green, um investimento de US$ 1 bilhão em uma biorrefinaria de biocombustíveis avançados no Paraguai, com início de operação previsto para 2025.
A iniciativa será a primeira desse tipo no Hemisfério Sul para produção do diesel renovável HVO (Hydrotreated Vegetable Oil), o combustível renovável para aviação (Synthetic Paraffinic Kerosene – SPK), também conhecido como SAF, e o Green Naphtha (usado na indústria química para fazer plástico verde, entre outros produtos).
A companhia também fechou contratos de venda de parte da produção da Omega Green para Shell e BP, bem como investiu na aquisição de matérias-primas com um contrato para aquisição de óleo da planta pongâmia, matéria-prima exótica, originária do sudeste asiático, com ciclo de vida de 100 anos e alto poder de sequestrar carbono do solo.
Voo elétrico
O debate sobre combustíveis sustentáveis para a indústria aérea ocorre enquanto já há data fixada para o primeiro voo comercial elétrico no mundo de passageiros, movido a hidrogênio, com uma aeronave de 19 lugares, em 2024.
A aeronave, atualmente em desenvolvimento pela ZeroAvia, voará abastecida apenas por hidrogênio. A ZeroAvia, o Royal Schiphol Group, a Rotterdam The Hague Innovation Airport Foundation e o próprio aeroporto anunciaram em outubro uma parceria para realizar essa ambição.
O acordo estabelece um cronograma para o lançamento dos primeiros voos comerciais de passageiros com emissão zero entre o Reino Unido e a Holanda e, potencialmente, a primeira operação comercial internacional desse tipo do mundo. A ZeroAvia e Royal Schiphol Group afirmam estar em negociações avançadas de parceria com companhias aéreas para chegar a um acordo sobre uma operadora para a rota planejada.
Biodiesel
O biodiesel, produzido pela BSBIOS, é um combustível menos poluente que os de origem fóssil (petróleo e derivados), produzido a partir de fontes renováveis, como óleos vegetais e gorduras animais. Sua definição química é a de um éster metílico ou etílico destes óleos e gorduras.
O biodiesel pode substituir total ou em partes o óleo diesel mineral em motores ciclo diesel automotivo (caminhões, tratores, caminhonetes, automóveis, etc) ou estacionários (geradores de eletricidade, calor, etc). Ao substituir o óleo diesel parcialmente, o biodiesel é empregado como combustível complementar, que ajuda a reduzir as emissões de gases poluentes.
A mistura dos dois combustíveis é conhecida pela letra B seguida pelo número correspondente ao percentual de biodiesel adicionado. Por exemplo, uma mistura com 10% de biodiesel é chamada de B10, e assim sucessivamente, até o biodiesel puro, denominado B100.
O biodiesel é um lubrificante melhor que o diesel de petróleo, pois tem um grande poder lubrificante, mais viscosidade e desgasta menos o motor. Ele também tem um índice de cetano mais alto o que significa que é um melhor combustível dando aos motores mais torque.
A produção do biodiesel se dá por meio de uma reação química denominada transesterificação de triglicerídeos com álcool metanol ou etanol. A glicerina é um subproduto do processo.
O óleo vegetal é neutralizado ou pré-tratado e, posteriormente, irá reagir na transesterificação, juntamente com o metanol e o metilato de sódio. A glicerina formada na reação é separada por decantação e purificada para retirar traços de metanol e umidade. Depois de separado do glicerol ou glicerina, o biodiesel é purificado. Finalmente o biodiesel é filtrado e está pronto para o uso, tanto puro como misturado ao óleo diesel, sem necessidade de modificações no motor do veículo ou equipamento. Todo o processo de fabricação leva cerca de 15 horas.
A BSBIOS utiliza tecnologia americana da Crown Iron Company para a produção do biodiesel, o que garante atender as especificações tanto nacionais quanto internacionais (ANP, ASTM D 6751-06 e EM 14214). Além de produzir um biodiesel diferenciado, com alto padrão de qualidade, essa tecnologia também garante aos subprodutos esse mesmo padrão.
Fonte: própria e BSBIOS