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Sindicatos criticam recomendação de MP sobre manter calendário do plantio de soja em MT

Sindicatos criticam recomendação de MP sobre manter calendário do plantio de soja em MT

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Os sindicatos rurais dos municípios de Canarana e Sinop criticaram a notificação conjunta do Ministério Público de Mato Grosso e do Ministério Público Federal de manter o calendário do plantio de soja.

Na terça-feira, 16/11, o MP e MPF expediram notificação conjunta à Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso (Sedec) e ao Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea) recomendando a aplicação de medidas para a prevenção da ferrugem asiática na cultura da soja.

Pela norma estadual, o calendário de plantio da oleaginosa compreende o período de 16 de setembro a 31 de dezembro de 2021, diferente do que estabelece a recente Portaria nº 306 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que estendeu o prazo até 3 de fevereiro. E foi o que fez o Estado de Mato Grosso ao adotar a janela estendida, seguindo orientação da pasta.

Só que a notificação do MPF e do MP estadual afirma que “a definição do calendário do plantio de soja em Mato Grosso já foi objeto de ampla discussão com inúmeras instituições e com a comunidade científica, havendo um consenso de que, de fato, o período entre 16/09 a 31/12 é o mais adequado para semeadura”.

Ainda consta que a Embrapa, a mais importante empresa de pesquisa do Brasil ligada ao Ministério da Agricultura, desde o início dos debates tem se colocado contrária à alteração do calendário de plantio.

Celeuma

A medida fitossanitária, implementada no Programa Nacional de Controle da Ferrugem Asiática da Soja (PNCFS), visa racionalizar o número de aplicação de fungicidas e reduzir os riscos de desenvolvimento de resistência do fungo Phakopsora pachyrhizi às moléculas químicas utilizadas no controle desta praga.

Os debates sobre as datas se estendem desde 2015, quando houve a criação da instrução normativa, dispondo calendarização do plantio, de acordo com reportagem do site “Só Notícias”. E, segundo o presidente do Sindicato Rural de Sinop, Ilson José Redivo, desde então, os produtores têm procurado pesquisas científicas para provar que o plantio em fevereiro é mais viável.

“Quem fez pesquisa foram os produtores, três anos de estudos, e esses resultados têm base científica. O MP defende interesse dos grandes sementeiros, só pode ser isso, tem outro interesse por trás para eles insistirem tanto em manter a data de plantio. Nós, produtores rurais, não entendemos o motivo dessa insistência, ficamos abismados. Eles não estão embasados em dados científicos. Nós estamos falando com propriedade, e é estranho defender com tanta veemência o retrocesso de voltar para dezembro”, afirmou Redivo ao site.

O presidente do Sindicato Rural de Canarana, Alex Wisch, também falou sobre pesquisas científicas que comprovam ser fevereiro o melhor período para o plantio de soja para semente e lembrou que antigamente o plantio era feito neste período, respeitando o vazio sanitário.

“É simples, porque se plantar em fevereiro, vai colher em maio ou início de junho, antes do vazio sanitário […] O que o MP quer fazer, para nós, é muito ruim. No passado nós podíamos plantar soja até fevereiro, isso era normal, tanto para produção do grão ou não, e a partir de 2015 que veio esta normativa proibindo o plantio em fevereiro”, explicou ao site AgroOlhar.

Entrevistado pelo “AgroOlhar”, Redivo tambem falou sobre o o vazio sanitário, argumentando que o plantio em fevereiro fará com que a qualidade das sementes melhore, tanto as produzidas pelos produtores quanto as dos produtores de semente.

“Nós, como produtores, queremos respeitar o vazio sanitário, e o respeitamos. Queremos limitar a somente 5% da área para o plantio de soja com a finalidade de semente, não queremos fazer soja sobre soja […] Estamos dentro das boas práticas, e nós jamais iríamos querer fazer alguma coisa que vá contra a nossa principal atividade, que venha nos prejudicar lá na frente”.

Wisch afirmou que o sindicato pretende divulgar uma nota pedindo o direito de escolher.

“Com certeza o Sindicato Rural de Canarana vai lutar junto para que não seja derrubada, isso foi um anseio dos produtores, uma briga muito intensa para que isso acontecesse. Nós temos os nossos embasamentos, temos os trabalhos científicos que foram feitos por três anos, e aí perguntamos, o Ministério Público tem algum trabalho científico provando o contrário?”, disse Wisch.

Redivo afirmou que a limitação do plantio para produção de semente para 31 de dezembro beneficia apenas os grandes produtores de semente.

“Até onde sei, quem tem se manifestado contrário, e tem agido politicamente contrário, é a Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat). […] O outro lado não quer permitir que eu tenha esta facilidade, quer que todo ano eu vá comprar do produtor de semente”, disse.

Fonte: Só Notícias e AgroOlhar

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