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Após China, EUA podem barrar carne bovina do Brasil, diz jornal

Após China, EUA podem barrar carne bovina do Brasil, diz jornal

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Frigoríficos perdem até US$ 25 mi ao dia após embargo da China
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Em outubro, soou o alarme de que o Congresso dos Estados Unidos submeterá à apreciação legislativa um projeto, batizado de Forest Act 2021, ou Lei Florestal 2021, que pode barrar a importação pelos EUA de itens como soja, cacau, gado, borracha, óleo de palma, madeira e seus derivados de países com índices altos de desmatamento florestal se o produtor rural e o importador americano não comprovarem que as origens desses produtos – e toda sua cadeia produtiva – passaram ao largo de áreas ilegalmente desmatadas.

“Em 2020, os EUA importaram carnes e couros bovinos processados avaliados em mais de US$ 500 milhões do Brasil. Ali, a pecuária é o maior impulsionador do desmatamento na Floresta Amazônica e outros biomas, e 95% de todo o desmatamento feriam a lei”, escreveram os autores no projeto de lei dos EUA.

Nesta quinta-feira, 18/11, o jornal “Folha de S.Paulo” noticiou que os EUA querem impedir a entrada de carne bovina brasileira em seu território, mas não por via legislativa.

A informação de hoje surge após o país e a China divulgarem declaração conjunta no final da Conferência do Clima da ONU (COP26) de apoio ao movimento global pela eliminação do desmatamento ilegal, com aplicação de leis para banir importação de produtos oriundos dessas áreas desmatadas ilegalmente.

Para piorar a situação, a China, maior parceiro comercial do Brasil, mantém embargo de importações da carne bovina brasileira após o surgimento atípico do mal da vaca louca em propriedades de Minas Gerais e Mato Grosso, o que serviu, segundo o jornal, de motivo para que os EUA também sigam o mesmo caminho.

Segundo a publicação, a NCBA, a poderosa federação dos produtores norte-americanos, alega falta de compromisso do Brasil em comunicar rapidamente problemas sanitários à OIE (Organização Mundial de Saúde Animal). Algumas associações querem impedir a importação do produto “in natura”. Outras querem um bloqueio de todas as carnes, segue o jornal.

O assunto tem sido alvo de debates pelo Usda (Departamento de Agricultura dos EUA), Rabobank, Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), Ministério da Agricultura, Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).

O balde de água fria, se confirmado, impactará na balança comercial entre os dois países porque os Estados Unidos importaram 49% a mais carne bovina do Brasil em setembro deste ano do que em igual período do ano passado.

A participação da proteína brasileira nas importações totais norte-americanas subiu para 9,7% até setembro, bem acima dos 5,6% de igual período do ano passado. Isso enquanto Argentina, Uruguai, Austrália e México diminuíram a participação nas importações norte-americanas.

Não seria a primeira vez que os EUA barrariam a carne bovina brasileira em seu território. Pouco depois da Operação Carne Fraca, que revelou esquema de adulteração em certificados da carne vendida no mercado interno, os Estados Unidos suspenderam um embargo de mais de dois anos de compra da carne fresca do Brasil, em 2020. Na época, em 2017, o governo norte-americano alegou abcessos no alimento causados pela vacinação contra febre aftosa. As exportações de carne industrializada não foram afetadas. O governo brasileiro reduziu na época a dose da vacina e removeu as substâncias que provocavam os abcessos.

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) informou recentemente que no primeiro semestre, os embarques para os Estados Unidos cresceram 93%, passando de 27.512 toneladas para 53.123 toneladas. Com a China como maior importador, outros destinos que registraram aumento do volume foram Chile com 48.789 toneladas, Filipinas com 32.642 toneladas e Emirados Árabes Unidos com 25.349 toneladas.

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