HomeEconomiaBalanço

CNA projeta aumento de 2,4% para agropecuária em 2022

CNA projeta aumento de 2,4% para agropecuária em 2022

Pesquisa diz que seis milhões de mulheres atuam no agronegócio
Produtores da América do Sul pedem revisão de Lei da União Europeia
Ministro destaca força do seguro rural na agenda legislativa do agro

Por Pedro Vilas Boas

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) projeta um aumento de 2,4% para o Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária em 2022 na comparação com este ano. Para 2021, o setor deve subir 1,8%.  As estimativas  foram divulgadas pela entidade em coletiva de imprensa na quarta-feira, 8/12, durante apresentação do balanço de 2021 e as perspectivas para 2022 do setor agropecuário.

A projeção de aumento aparece após a divulgação de queda de 8% registrada na agropecuária, o que provocou um recuo de 0,1% no PIB brasileiro no terceiro trimestre. A CNA cita condições climáticas e custo de insumos agrícolas para justificar o dado negativo.

“Não foi o ano que esperávamos, mas foi um ano razoável. Tivemos muitos problemas climáticos em quase todas as regiões do Brasil, principalmente Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Isso fez com que frustrassem as expectativas”, admitiu o presidente da confederação, João Martins.

Segundo os dados da CNA, entre os preços de insumos agrícolas, o maior encarecimento foi registrado no herbicida Glifosato, que passou de R$ 23,96 para R$ 89,12 em outubro, comparado ao mesmo período do ano passado. Uma alta acumulada de 372%, em 12 meses.

A ureia usada como fertilizante teve um aumento significativo também – 147% em um ano – situação que só não foi pior porque boa parte dos produtores antecipou a compra de insumos, como explica o presidente da CNA.

Em relação à variação do custo operacional efetivo, houve aumento de 65,3% para o milho; 63,7% para o café; 62,9% considerando a soja; 42,5% para o arroz; e 34% em relação ao feijão.

2022

A expectativa para o próximo ano é de um crescimento em ritmo menor do PIB do agronegócio, entre 3% e 5% em relação a este ano, segundo a CNA e o Centro de Estudos Avançados em economia Aplicada (Cepea). Em 2021, o PIB do agronegócio deve fechar o ano com expansão de 9,37% em relação a 2020.

Ainda para 2022, a CNA prevê uma safra de grãos recorde, de 289 milhões de toneladas, 14% a mais do que a safra deste ano. Porém, o custo de produção deve ser um dos mais altos da história. A entidade destaca fatores que devem determinar o comportamento da safra 2021/2022 no Brasil e precisam ser acompanhados de perto no próximo ano, como a questão da logística, o abastecimento de insumos e o fenômeno climático La Niña.

Embargo da China

Durante a coletiva de imprensa, os membros da CNA também comentaram sobre o embargo da China às compras de carne do Brasil. A exportação foi suspensa após a confirmação de dois casos atípicos de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) no país, doença conhecida como “mal da vaca louca”.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),  a queda recorde nas exportações, que tombaram 9,8% do PIB, já é reflexo do embargo da China, que começou em setembro.

A diretora de relações internacionais da entidade, Lígia Dutra, disse que tem a expectativa que o problema será resolvido, mas é preciso aprender com o acontecido.

“Nossa ministra [Tereza Cristina, da Agricultura] está à frente da negociação, e deve ser resolvida em breve. A lição que fica é de ampliar o relacionamento com a China, porque é um país muito importante e precisamos conhecer melhor por meio do setor privado também”, disse.

De acordo, com o presidente da entidade, João Martins,  já havia um reconhecimento da CNA de que a exportação de carne é muito concentrada à China.

“Outros destinos estão sinalizando que vão aumentar a produção. A expectativa é que os EUA aumente bastante a exportação, e a Rússia, que já foi a maior importadora de carne brasileira.”

Em sua fala, Lígia Dutra ainda criticou a cobrança por países da União Europeia para que o agronegócio brasileiro adote medidas sustentáveis enquanto isso não é posto em prática por esses governos. “Quando você analisa de forma concreta, vemos que a própria União Europeia não consegue implementar as medidas que querem. Ou seja, eles patrocinam a ineficiência.”

Com CNA e Agência Brasil