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França vincula Bunge e Cargill a cadeias produtivas de soja com risco de desmatamento

França vincula Bunge e Cargill a cadeias produtivas de soja com risco de desmatamento

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O cerco ao produtor rural que desmata está se fechando. Não apenas a ele, mas às gigantes de commodities agrícolas também. De acordo com reportagem do “Financial Times” desta terça-feira, 14/12, a França, membro da União Europeia (UE), nomeou as gigantes do agro Bunge e Cargill como as principais importadoras de soja de áreas com risco de desmatamento, um dos principais causadores do aquecimento global

Como publicamos aqui, o poder Executivo da UE apresentou há um mês uma proposta para impedir a importação de matérias-primas provenientes de áreas de desmatamento. O Congresso dos Estados Unidos, por sua vez, pode aprovar projeto no mesmo sentido. Em ambos, o foco são produtos como soja, cacau, gado, borracha, óleo de palma, madeira , entre outros.

De acordo com o “Financial Times”, a Bunge e a Cargill  foram identificadas enquanto o governo francês tenta limpar as cadeias de abastecimento da agricultura do país com o lançamento de um banco de dados online que rastreia as exportações de soja do Brasil para a França, informa a publicação.

O Mato Grosso lidera o ranking de Estados exportadores de soja no Brasil. De janeiro a julho, o embarque do Estado totalizou 16,2 milhões de toneladas. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic). Representa então, de janeiro até o momento, 46% das exportações de Mato Grosso.

O banco de dados online, que foi lançado pelo governo francês com a ajuda do grupo de transparência da cadeia de suprimentos Trase e a ONG ambiental Canopee, destaca o papel das maiores empresas agrícolas do mundo no manuseio de commodities potencialmente ligadas ao desmatamento. A lista inclui também a Amaggi, a Cervejaria Petropolis, a Copagro, Comigo e Cooperativa Agrária Agro.

Segundo o banco de dados francês, cerca de um quarto das exportações brasileiras de soja para a França em 2018 veio de áreas atingidas pelo desmatamento.

A ferramenta mostrou que a Bunge respondeu por 70% das cargas de soja de áreas ameaçadas pelo alto risco de desmatamento, enquanto a Cargill respondeu por quase 10%.

A Bunge respondeu que está comprometida em alcançar cadeias de abastecimento livres de desmatamento até 2025 e já havia removido alguns agricultores vinculados a terras desmatadas de sua cadeia de abastecimento.

A Cargill afirmou que os dados da plataforma não refletem as importações francesas, acrescentando que está empenhada em eliminar o desmatamento no menor tempo possível, mas que não há uma solução única para o problema.

O governo francês rebateu que comerciantes e outras empresas foram convidados a compartilhar seus dados para melhorar a qualidade da análise.

Bilateral

Em 2018, cerca de 411 mil toneladas de um total de 1,57 milhão de toneladas de soja, ou produtos dela derivados, exportados do Brasil para a França, foram associadas a alto risco de desmatamento, de acordo com o site francês Mighty Earth.

A França importa cerca de 3 milhões de toneladas de farinha de soja, ou cerca de 17% do total da UE por ano, de acordo com o Ministério da Transição Ecológica do governo. “Acompanhar o fluxo dessas importações que representam risco para as florestas ajudará com o risco da cadeia de abastecimento ”, disse a pasta.

O Brasil é o maior produtor mundial da leguminosa, que é usada principalmente como ração para gado e óleo. Sua produção tem sido uma das causas do desmatamento da floresta tropical ao longo de várias décadas.

A Amazônia e as savanas brasileiras são amortecedores críticos contra as mudanças climáticas, atuando como gigantescos estoques de carbono. No ano até julho, a taxa de desmatamento da Amazônia foi a maior em 15 anos, segundo dados oficiais brasileiros.

Reino Unido

No início deste mês de dezembro, o governo do Reino Unido lançou uma consulta pública com o objetivo de limpar as cadeias de abastecimento para combater o desmatamento ilegal. Assim como está fazendo a França.
Em outubro, os britânicos já tinham colocado no ar uma plataforma digital para rastrear suas importações. Tudo isso tem um foco só: fazer a devida diligência das empresas para garantir que estejam usando commodities produzidas de acordo com as leis locais.

A consequência é, segundo o governo, tornar ilegal para grandes empresas no Reino Unido o uso de commodities – como cacau, carne bovina, soja, café, milho e óleo de palma, entre outras – cuja produção esteja associada à perda de floresta em grande escala.

A consulta durará 14 semanas e reunirá evidências sobre como o governo pode implementar regulamentos de devida diligência com eficácia.

Fonte: Financial Times e Governo do Reino Unido

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