O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) negou que Programa de Monitoramento do Cerrado Brasileiro está sendo desmontado. Segundo entrevista do diretor do Inpe Clezio de Nardin à CNN, os recursos estão garantidos para continuidade do monitoramento até o mês de abril e o instituto já está atrás de novos recursos, principalmente por meio do Fundo Nacional da Ciência e Tecnologia, para dar seguimento ao programa.
“Não é verdade que o Programa de Monitoramento do Cerrado Brasileiro está sendo desmontado. Pelo contrário, estamos monitoramento dos biomas brasileiros. Agora ele se chama Biomas BR MCTI [Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações]”, afirmou Nardin, que garantiu que o instituto irá monitorar todos os biomas brasileiros.
De acordo com ele, “o que se encerrou foi um financiamento do Forest Investment Program [FIP] para o bioma Cerrado”.
“Agora estamos buscando os recursos através do Fundo Nacional da Ciência e Tecnologia para continuar esse programa. Nós temos recursos até abril deste ano. Sendo aprovada a Lei Orçamentária Anual da União deste ano, teremos recursos através do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação para financiar esse programa por mais quatro anos. Ou seja, estamos expandindo o monitoramento de biomas”, garante o diretor.
A possibilidade do monitoramento deixou grande preocupação da comunidade envolvida, principalmente, nas pesquisas relacionadas ao Cerrado.
O MapBiomas emitiu uma nota, na segunda-feira, 10/1, manifestando preocupação com esse possível apagão de dados.
“Atenta aos sinais de que tal cenário pudesse acontecer, a equipe do MapBiomas vem desenvolvendo um Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) específico para o Cerrado, que pode ser ativado a qualquer momento para garantir o monitoramento do desmatamento no bioma”, afirmou o MapBiomas.
Consórcio formado por ONGs, universidades e empresas de tecnologia, o MapBiomas afirmou que o sistema pode “entrar no ar imediatamente” caso o governo decida encerrar o monitoramento do bioma.
De acordo com a entidade, a detecção do desmatamento por sensoriamento remoto no Cerrado é uma ação estratégica para a proteção da biodiversidade e do regime de águas na região onde nascem as principais bacias hidrográficas do país. “Também é fundamental para garantir transparência sobre informações ambientais numa das regiões mais importantes para a produção agropecuária nacional”, como afirma a nota.
“Esperamos que a ameaça de paralisação do Prodes e do Deter Cerrado não se concretize e que o trabalho de excelência realizado pelo Inpe continue a ser apoiado e valorizado. Mas, se isso acontecer, faremos todo o possível para que o monitoramento seja garantido e disponível a toda a sociedade por meio do SAD Cerrado”, diz o MapBiomas.