Por Vinicius Marques
Você sabia que, além da soja, milho e algodão, o produtor mato-grossense pode se tornar também produtor de energia solar? Pela ótima localização no Centro-Oeste brasileiro, nosso Estado já ocupa a posição de 4º lugar no ranking nacional de maiores produtores de energia solar. E o melhor de tudo: além do processo de instalação ser fácil, é um ótimo investimento para o produtor, que obtém payback em poucos anos, numa faixa de três a seis anos (a depender da potência instalada).
Conversamos com Joel Lucas Simsen, gerente da empresa Solturi, para entendermos melhor como funciona a instalação dos geradores de energia solar. Confira agora 9 passos para você que tem interesse em instalar o sistema de geração fotovoltaica em sua fazenda, mas não sabe por onde começar!
1. Busque por indicações e empresas confiáveis
Primeiro de tudo, é importante garantir que o projeto seja elaborado por uma empresa especialista e de confiança. Busque por indicações em sua rede de contato e na região onde a fazenda está localizada.
2. Solicite um orçamento específico para sua propriedade
Feito o contato com a empresa escolhida, é preciso definir se a geração fotovoltaica será para a fazenda inteira, ou apenas uma parte específica dela. Assim, será feita uma avaliação personalizada para definir o projeto elétrico.
No caso da empresa Solturi, é avaliado, na conta de luz do cliente, o histórico de consumo do último ano. Com esse dado, a empresa define um sistema que atenda à necessidade do produtor, determinando a potência do inversor, das placas, assim como a quantidade delas.
“Então vamos supor que, para tua casa hoje, pela tua conta de luz, você precisa de 10 placas para suprir energia,” exemplifica Simsen. “Mas tu quer 12, quer ter duas placas de energia de folga, se tu aumentar teu consumo. Daí o orçamento muda.”
No orçamento, o produtor encontrará: o valor total do sistema a ser instalado, a comissão do atendente que realiza a venda e pós-venda, o preço do projeto da engenharia, o preço de instalação, a margem de lucro da empresa e o preço do projeto da concessionária de energia, que cobrará a vistoria a ser feita e a troca do relógio (medidor de energia).
3. Realize possíveis reparos
Em alguns casos, a empresa de energia solar pode ainda identificar alguns reparos que precisam ser providenciados, para que o projeto seja aprovado pela concessionária.
“Se algum problema é identificado, nós avisamos antes da instalação”, comenta o gerente da Solturi. “Um exemplo simples aqui da nossa região: se o poste do cliente está trincado, a gente já sabe que a concessionária não autorizará o projeto nessas condições. Então o produtor vai ter que trocar de poste antes deles aprovarem.”
4. Solicite, caso necessário, financiamento em seu banco
Muitos produtores, ao optarem pelo sistema de geração de energia fotovoltaica em suas propriedades, têm utilizado linhas de crédito ou financiamento para pagarem pela energia solar. Segundo Tiago Vianna, coordenador estadual da Absolar (Associação brasileira de energia solar fotovoltaica), há muitas possibilidades de financiamento para grandes e médios produtores rurais, como os do FCO e BNDES.
“O produtor não vai aumentar o fluxo de caixa em seu banco”, afirma Tiago Vianna. “O que ele vai fazer? Ele vai trocar a conta de luz pelo financiamento de oito a dez anos, já contando os juros.”
5. Aguarde pelo projeto técnico feito por um engenheiro
Além de calcular a potência necessária, há outros fatores que devem ser levados em conta, na hora de esboçar o projeto elétrico. Onde as placas serão instaladas? Será necessária alguma reforma ou construção para acomodar os painéis solares?
Para sistemas mais complexos, a instalação pode demandar a construção de uma estrutura específica para o posicionamento das placas, como palanques e pilares de cimento. Já em outros projetos, especialmente os residenciais, os painéis solares são instalados no próprio telhado, necessitando de poucas adaptações.
“Se é em telha cerâmica, por exemplo, é [necessário apenas] um suporte. Se é telha metálica, um outro suporte ainda mais simples”, exemplifica Joel Lucas Simsen.
No telhado, também é feita uma análise própria para a instalação. No caso da empresa Solturi, o especialista utiliza um drone para fotografar a parte superior da propriedade, estimando o tamanho total e a posição cardeal em que as placas deverão ser instaladas. “As placas não podem ser instaladas no telhado sul, por exemplo. Porque não vão gerar energia suficiente. Preferencialmente, [elas devem ser instaladas em] um telhado norte ou leste/oeste”, o gerente completa.
6. Acompanhe a instalação das placas fotovoltaicas
A instalação dos painéis solares deve ser realizada por profissionais competentes. A duração do procedimento irá depender da complexidade de cada projeto.
7. Faça a vistoria da concessionária de energia elétrica
Atualmente, a concessão do serviço de distribuição de energia do Mato Grosso está sob responsabilidade da Energisa Mato Grosso – Distribuidora de Energia S.A. Ela será responsável por visitar a propriedade, realizar a vistoria do projeto e, caso aprovado, fazer a troca do relógio. Somente com a validação da concessionária é que o produtor pode se tornar um microgerador de energia.
8. Monitore os créditos de energia acumulados
O sistema de geração de energia indicado para fazendas é o On-Grid, que é conectado à rede de distribuição local. Assim, toda a energia gerada ao longo do dia que não é utilizada pelo proprietário é enviada à rede e seu valor é automaticamente convertido em créditos.
Algumas empresas, como a Solturi, possuem aplicativos de smartphone e PC que indicam, diariamente, a potência gerada por seus painéis e o quanto foi utilizado, além de registrar a quantidade de energia enviada pelo inversor à rede de distribuição, que será convertida em créditos.
9. Realize a manutenção dos painéis
Uma vez instalado, não há muito a ser feito em termos de manutenção do sistema de energia solar. “A única manutenção necessária é tirar a poeira das placas,” explica Simsen.
“Se você perceber que o valor da energia gerada tem diminuído muito, é o momento de passar uma água nelas”.
A frequência da limpeza irá depender muito do local que o sistema está instalado. Se a propriedade se encontra em uma região com estradas de terra, muita poeira, o recomendado pode ser limpar de três em três meses. Para lugares asfaltados, com menos poeira, a limpeza pode ser feita semestralmente ou, em alguns casos, anualmente. O mais importante é ficar de olho no desempenho do sistema e na aparência das placas.
Para limpar os painéis, água e sabão neutro são o suficiente, pois o uso de produtos abrasivos pode prejudicar o equipamento. No entanto, para as placas instaladas nos telhados, ou estruturas altas, é recomendada a contratação do serviço de limpeza profissional. Muitas empresas de energia solar contam com o serviço.
“Os instaladores profissionais seguem os parâmetros da NBR 35 – Trabalho em Altura. Então eles têm experiência para lavar as placas com mais segurança”, diz Joel Lucas Simsen.
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