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Artigo: Inovação Sustentável nas Fazendas Brasileiras

Artigo: Inovação Sustentável nas Fazendas Brasileiras

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O Gigante 163 convidou diversos especialistas, produtores e influenciadores para colaborar com conteúdos que interessam os nossos leitores – profissionais do agronegócio. Para falar da importância desse olhar para a sustentabilidade nas fazendas, convidamos Iara Corrêa. Ela é referência em liderança em fazendas, e é mentora e fundadora do Treinamento de Liderança em Fazendas Brasil. Encontre outras matérias de convidados aqui, e aproveite o artigo da Iara abaixo. 

Falar em inovação em fazendas normalmente remete ao desenvolvimento de novos produtos e tecnologia, mas, vai muito além disso, ela é ferramenta para a criação de novas formas de se produzir em campo. Desenvolver o empreendedorismo, otimizar as atividades na propriedade com um menor impacto ambiental, melhorar a qualidade de vida de todos envolvidos, são alguns dos resultados obtidos usando inovação. Porém, para ter retorno positivo do uso dessa ferramenta, é necessário sempre visar um crescimento de forma sustentável, olhando para os aspectos: econômico, social e sustentável da produção.

Com isso, o site Gigante 163 me convidou para comentar sobre as tendências inovadoras que vão transformar o “agro do futuro” que já se faz presente em campo.

Olhar atento à NR31

NR31 é a norma que regulamenta a Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura. Mais do que uma norma, é uma exigência por lei, que tende a aumentar cada vez mais as fiscalizações em todos os empreendimentos e empresas rurais pelo Brasil.

Nos dias atuais, fazendas referência são aquelas que se preocupam não só com o meio ambiente, mas também com a qualidade de vida daqueles que ali vivem e trabalham.

No mundo, um trabalhador morre por acidente de trabalho ou doença laboral a cada 15 segundos. De 2012 a 2020, 21.467 desses profissionais eram brasileiros — o que representa uma taxa de 6 óbitos a cada 100 mil empregos formais nesse período, aponta o Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, elaborado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Vale ressaltar, que, embora o avanço tecnológico venha crescendo, acidentes de trabalho ainda são muito comuns, segundo último levantamento, mais de 200.000 notificações de acidentes são de setores que envolvem o agronegócio.

Para prevenir esse cenário, a NR31 passa a exigir a cada vez mais medidas de segurança para a integridade física e psicológica dos colaboradores, redobrando a fiscalização, gerando prejuízos financeiros e sociais.

Além disso, é de suma importância a realização periódica de treinamentos e capacitações tanto do uso dos equipamentos como em suas funções. Para isso existe, o PGRTR, que é o Programa de Gerenciamento de Riscos no Trabalho Rural, bem como o fornecimento do uso exclusivo de EPIs (NR6) para a realização das atividades em campo, garantindo a proteção e qualidade de vida a todos

Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF)

A nova aposta sustentável e econômica 100% Brasileira.

Um relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) apontou que, para a humanidade chegar à metade deste século, com produção de alimentos suficiente a todos os seres humanos, sem destruir o planeta, pesquisadores e produtores deverão se envolver, cada vez mais, em buscar sistemas que permitem a diversificação das atividades no mesmo espaço, tendo viabilidade econômica podendo assim, aumentar sua produção, reduzindo área e o impacto ambiental.

Segundo o Imea, Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária, para cada real investido em ILPF (integração lavoura-pecuária-floresta), o produtor tem um retorno médio de R$ 3,70.

Sendo assim, com o uso da ILPF é possível produzir diferentes componentes na mesma área, reduzindo a pegada de carbono. Um exemplo é a recuperação de áreas de pastagens degradadas, utilizando agricultura e árvores no processo e permitindo que o metano da pecuária seja novamente absorvido, voltando ao seu ciclo natural e não contribuindo para o aumento do efeito estufa.

Além disso, o carbono está se tornando um novo instrumento econômico para o produtor. Por meio da fixação no solo ou nas árvores com uso madeireiro, é possível obter créditos e gerar a oportunidade de lucros em mercados de carbono globais, se tornando a nova poupança da fazenda. Os resultados são: menor impacto ambiental, maior retorno econômico, diversificação das atividades gerando menor risco de mercado e responsabilidade social.

Veja mais sobre os sistemas lavoura pecuária no Mato Grosso aqui.

Economia Circular em Fazendas

Energia, gás e adubo por meio de dejetos podem ser utilizados de forma mais eficiente na propriedade. A gestão mais eficiente dos recursos naturais existentes, utilizando todo resíduo produzido para gerar lucros, é conhecida como Economia Circular.

Neste caso, o resíduo produzido serve de insumo para novos produtos, trazendo essa inovação como um modelo sustentável ao utilizar o próprio descarte de cada cadeia produtiva para girar a produção. O crescimento da demanda de alimentos e matérias-primas do campo faz crescer a quantidade de dejetos dos animais, o que desperta a atenção para o fato de que resíduos agrícolas gerados em processos de produção e a falta de gestão dos mesmos agravam problemas sanitários, gerando também impactos ambientais.

Segundo a Embrapa, dejetos de origem animal produzem metano, que tem um potencial 21 vezes maior de provocar efeito estufa se comparado ao dióxido de carbono. Uma solução possível é o uso de biodigestores.

Além de reduzirem os impactos ambientais gerados pelos resíduos das atividades agropecuárias, os biodigestores transformam os efluentes em um poderoso biogás, gerando energia e biofertilizante sólido, o que permite o uso deles na fertilização de lavouras e pastagens por conter macro e microelementos essenciais para a saúde do solo. Isso resulta em economia na compra de fertilizantes químicos. Economia Circular será referência, visando lixo zero em fazendas se tornando exemplo para as cidades brasileiras.

Gestão de Dados na Fazenda

 

Outra tendência inovadora que veio para ficar nas pequenas, médias e grandes fazendas é a gestão de informações por meio do processamento de dados.

Os softwares de gestão de campo vieram para trazer soluções rápidas por meio do processamento de dados, controlando os custos de produção, logística e vendas, bem como todo o gerenciamento de plantio de grãos, hortaliças e frutíferas, manejo dos animais, controle de pesagem e nutrição de todo o rebanho, manejos florestais, entre muitos outros. Tudo isso, buscando a redução de custos e auxiliando na tomada de decisões para que sejam mais rápidas e assertivas na gestão da fazenda.

Existe um ditado que destaco para finalizar:

Quanto maior for a expansão, maior será a nossa responsabilidade.

Responsabilidade sobre a vida, sobre o planeta e sobre a população que a cada dia evolui, constantemente, até não estarmos aqui presentes. Cabe ao Brasil uma grande responsabilidade por ser um país celeiro de prosperidades, ter fartura em produção e com 66% do território preservado. Certamente, a inovação em fazendas será o caminho para qualidade de vida emocional das pessoas que ali cooperam com a produção, caminho para a redução de custos e sustentabilidade, respeitando o mundo se tornando cada vez mais o exemplo que queremos deixar para os próximos que virão.