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Preço do petróleo atinge novas máximas com guerra entre Ucrânia e Rússia

Preço do petróleo atinge novas máximas com guerra entre Ucrânia e Rússia

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Nesta quinta-feira, 03/03, as cotações do petróleo bateram recorde mundial. Segundo o Valor Econômico, o WTI (West Texas Intermediate, cotação de referência norte-americana) foi negociado em nível mais alto desde 2008, enquanto o Brent (relacionado aos mercados europeu e asiático) alcançou maior valor dos últimos 9 anos, ambos ao redor de US$ 115 por barril. A guerra na Ucrânia representa a maior causa do aumento de preços, uma vez que a Rússia é a terceira maior produtora de petróleo e detentora da oitava maior reserva do commodity no mundo, de acordo com o Correio Braziliense.

Segundo dados da Investing, um dia antes, 02/03, o contrato futuro para abril do tipo WTI fechou em US$ 110,25 — 18,8% acima da cotação fechada 7 dias antes — e o Brent para maio, US$ 112,72 — aumento de 13,4% relativo ao fechamento da quarta-feira anterior.

Conforme reportado pela CNN, o aumento ocorreu mesmo após membros da Agência Internacional de Energia (AIE) entrarem em um acordo na terça-feira, 01/03, de liberar suprimentos de reservas petrolíferas, além dos esforços governamentais de países do ocidente para excluir o gás natural e petróleo de sanções à Rússia.

Os conflitos entre ambas as nações têm desencadeado uma série de sanções contra Moscou, o que acaba bloqueando as exportações. Por mais que a maior parte dos governos não esteja adotando medidas restritivas em transações com o país russo, empresas de diversos setores têm dado um pé atrás, por motivos de incerteza.

“O mundo dos negócios constrói uma fortaleza para isolar a Rússia da comunidade internacional”, apontou Susannah Streeter, analista da Hargreaves Lansdown, em matéria do G1. Empresas de todo o mundo respondem à Rússia “congelando as transações com Moscou e abandonando investimentos que valem bilhões”, ressaltou.

De acordo com a analista, isso poderia gerar “uma perturbação nos envios provenientes da Rússia, com cancelamentos de reservas de carga”, provocando um aumento dos preços da energia a curto prazo, sem que a potência russa fechasse a torneira. “O temor de que ela responda usando suas exportações de energia como arma mantém os preços do petróleo e do gás elevados”, completa Streeter.

Muitas refinarias têm se recusado a comprar o petróleo russo, enquanto companhias do ocidente optaram por excluir grandes bancos russos da plataforma interbancária Swift. Pelo fato de uma parte considerável do transporte marítimo de petróleo e demais commodities ser financiada a crédito por bancos, mesmo importadores que decidirem manter negócios com a Rússia podem enfrentar problemas ao importar.

“As empresas de energia também estão se afastando do país. A Shell planeja sair de suas joint ventures com a gigante russa de energia Gazprom, e a BP pretende se desfazer de sua participação de quase 20% na produtora de petróleo estatal russa Rosneft”, aponta a matéria da CNN.

Brasil

Aqui no Brasil, o cenário também não é dos melhores. Com a alta do petróleo, a defasagem entre os preços cobrados pela Petrobras (PETR3;PETR4) e os das principais bolsas de negociação do mundo chegou a 24% para a gasolina e 27% para o óleo diesel, segundo cálculos feitos ma InfoMoney. Já no início da semana passada, como apontado pelo Estadão, a defasagem da gasolina estava em apenas 11% e para o diesel, 8%.

Para evitar futuros problemas com o aumento do preço do commodity, a empresa de economia mista pode recorrer aos estoques adquiridos há cerca de dois meses, a preços mais baixos. O risco, no entanto, é que a reserva acabe e o abastecimento interno seja afetado. Com isso, a importação está inviabilizada, segundo diz Sérgio Araújo, presidente da Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom). Nenhuma das dez associadas da Petrobras forneceu combustível ao mercado nacional em 2022.

Isso porque as pequenas importadoras não têm fôlego para concorrer com os preços da empresa brasileira. Luciano Losekann, especialista em petróleo e professor da Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF), diz que o cenário é de incerteza, mas que, dificilmente, o barril será negociado patamar inferior a US$ 100 nos próximos dias.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), por sua vez, anunciou na quarta-feira, 02/03, que colocou em pauta para votação da Casa um pacote de leis que visa a redução dos preços de combustíveis. Segundo a Folha de São Paulo, Pacheco comunicou em suas redes sociais que, na próxima semana, “os dois projetos de lei que trazem medidas para controlar a escalada dos preços de combustíveis (PLP 11/2020 e PL 1472/2021) estarão na pauta do Senado”.

O primeiro dos PLs prevê a criação de uma conta de estabilização, que será usada para amenizar as oscilações de preços do setor, principalmente devido a variações nas cotações mundiais do petróleo. “As fontes de financiamento seriam receitas com royalties de petróleo, participações especiais e dividendos pagos pela Petrobras à União”, explica o texto da Folha. Já o outro projeto de lei estabelece que os estados terão liberdade para criar uma alíquota única de ICMS sobre combustíveis.

“Como já tem um mês desde o último reajuste, devemos ter um aumento [do barril de petróleo] nos próximos dias, embora acredite que a Petrobras não repasse a alta integral aos consumidores, num primeiro momento”, completa Luciano Losekann ao “Estadão”.

Segundo informou a “Folha”, o ministro da Economia, Paulo Guedes, tem sido cobrado por integrantes do governo federal para que adote medidas contra a disparada do preço dos combustíveis. Alguns ministros o acusam de “enrolar”. Guedes teria se comprometido, antes mesmo do conflito, a adotar medidas “drásticas” caso o preço do barril de petróleo chegasse a US$ 100. A principal delas seria a criação de um fundo estabilizador de preços dos combustíveis. O barril disparou e, até o momento, o fundo não saiu do papel.