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Você sabe o que são rios voadores e o que eles têm a ver com a agricultura?

Você sabe o que são rios voadores e o que eles têm a ver com a agricultura?Chuva sobre o Alto Araguaia (MT). Foto: Margi Moss/Projeto Rios Voadores

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Neste Dia Mundial Da Água, celebrado nesta terça-feira 22/03, o Gigante 163 selecionou algumas curiosidades sobre fenômenos naturais que têm tudo a ver com a agricultura e que talvez poucos conheçam.

Você sabe o que são rios voadores?

Os rios voadores são “cursos de água atmosféricos”, formados por massas de ar carregadas de vapor de água, muitas vezes acompanhados por nuvens, e são propelidos pelos ventos. Essas correntes de ar invisíveis passam em cima das nossas cabeças carregando umidade da Bacia Amazônica para o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. Essa umidade, nas condições meteorológicas propícias como uma frente fria vinda do Sul, por exemplo, se transforma em chuva.

Como assim: a floresta amazônica funciona como uma bomba d’água?

Isso mesmo, já que ela puxa para dentro do continente a umidade evaporada pelo oceano Atlântico e carregada pelos ventos alíseos. Ao seguir terra adentro, a umidade cai como chuva sobre a floresta. Pela ação da evapotranspiração das árvores sob o sol tropical, a floresta devolve a água da chuva para a atmosfera na forma de vapor de água. Dessa forma, o ar é sempre recarregado com mais umidade, que continua sendo transportado rumo ao oeste para cair novamente como chuva mais adiante.

Você já pensou que a chuva no Brasil se deve a um acidente geográfico?

Propelidos em direção ao oeste, os rios voadores recarregados de umidade – boa parte dela proveniente da evapotranspiração da floresta – encontram a barreira natural formada pela Cordilheira dos Andes. Eles se precipitam parcialmente nas encostas leste da cadeia de montanhas, formando as cabeceiras dos rios amazônicos. Barrados pelo paredão de 4.000 metros de altura, os rios voadores, ainda transportando vapor de água, fazem a curva e partem em direção ao Sul, rumo às regiões do Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil e aos países vizinhos.

Tudo isso pra dizer que em áreas desmatadas e de pastagens, o fenômeno da evapotranspiração é quatro vezes menor do quem em florestas. A continuar o desmatamento no ritmo que está no Brasil, nosso Centro-Sul receberá cada vez menos a visita dos rios voadores. E sem chuva, nossa agropecuária não tem como se desenvolver.

Só para se ter ideia do que se perde com a devastação do meio ambiente: a quantidade de água evaporada pelas árvores da Floresta Amazônica pode ter a mesma ordem de grandeza, ou mais, que a vazão do rio Amazonas (200.000 m3/s).

Fonte: Projeto Rios Voadores

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