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Artigo: Os desafios ocultos da liderança feminina no agro

Artigo: Os desafios ocultos da liderança feminina no agro

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O Gigante 163 convidou diversos especialistas, produtores e influenciadores para colaborar com conteúdos que interessam os nossos leitores – profissionais do agronegócio. Já falamos aqui dos desafios da mulher no agro, mas hoje convidamos Iara Corrêa para tocar na liderança feminina no agro – e porque precisamos ver mais mulheres no comando no campo! Iara é referência em liderança em fazendas, e é mentora e fundadora do Treinamento de Liderança em Fazendas Brasil. Encontre outras matérias de convidados aqui, e aproveite o artigo da Iara abaixo. 

Existem diversos desafios que envolvem a liderança nos negócios de uma maneira geral. Quando pensamos em um líder, idealizamos uma pessoa organizada, que inspira a equipe, que sabe priorizar as tarefas, que tem uma capacidade técnica avançada, entre outras virtudes.

Quando adicionamos o setor agronegócio na conta, fica mais difícil, pois é preciso lidar com imprevisibilidades, tanto ambientais quanto econômicas, sempre cuidando do lucro dos negócios. Agora, quando a camada de gênero entra na soma, descobrimos desafios que, muitas vezes, estão ocultos e que impactam diretamente na tomada da liderança por essa mulher.

Por que queremos as mulheres na liderança?

Um artigo da Harvard Business Review (HBR) de 2019, desenvolvida pela consultoria de desenvolvimento de liderança Zenger/Folkman, mostra que as mulheres foram classificadas por colegas de trabalho como líderes mais qualificadas do que os homens. Isso porque dentro das 19 competências analisadas como importantes para papéis de liderança, os homens pontuaram melhor apenas em “conhecimento técnico/profissional”, enquanto as mulheres receberam avaliações melhores em todas as outras, principalmente nas habilidades interpessoais, ou Soft Skills, consideradas mais importantes durante uma crise, como a capacidade de inspirar e motivar, colaboração e trabalho em equipe e construção de relacionamentos.

Hoje a mulher ainda é minoria em cargos de liderança, segundo dados do último censo do IBGE – Estatísticas de Gênero: indicadores sociais das Mulheres do Brasil. O número de mulheres em cargos de liderança no Brasil caiu ainda mais, apenas 37% dos cargos gerenciais são ocupados por mulheres. Quando adicionamos a questão racial, esse número cai para 4% de mulheres negras na diretoria ou gerência. A cada 10 cargos na gestão no agronegócio brasileiro, menos de 2 são ocupados por mulheres, resultando em 19% de presença feminina no campo.

Visto isso, é possível levantar alguns motivos para essa discrepância, como a menor capacitação técnica das mulheres pela falta de parceria na maternidade ou questões da casa, resultando na dupla jornada e muitas vezes um salário inferior pela falta de tempo integral para dedicação dessa mulher.

Contudo, existem os desafios ocultos, que muitas vezes só são possíveis ver depois de uma exaustão extrema, de um colapso.

Há uma diferença entre mulheres que estão buscando por posição de poder e mulheres na liderança. A busca pelo empoderamento, pela voz própria, é importantíssima, mas isso pode gerar uma sobrecarga, tanto emocional quanto física e profissional. Esses desafios estão enraizados na sociedade, mas esse cenário pode ser diferente, começando pelas nossas mudanças pessoais, potencializando a participação da mulher, de forma plena e completa no setor.

Sendo assim, uma forma de garantir a superação dos desafios ocultos, com a permanecia da mulher na liderança do agro, é o trabalho constante na gestão do tempo e das emoções para que seja possível ter mais qualidade de vida, abrindo espaço para poder liderar o próximo. Se a mulher não tiver, antes de tudo, ferramentas para o autoconhecimento, noção do seu propósito, fica muito pesado ocupar esse lugar de poder por poder.

Realizar um planejamento pessoal, um autocuidado diário na prática, pode, sim, dissolver crenças limitantes em ter que mostrar trabalho a qualquer custo. Uma rotina agitada está sujeita a uma sobrecarga emocional e, nesse lugar, as conquistas não são valorizadas e os objetivos ficam confusos.

Para conciliar tudo, cuidar da casa, ser mãe, esposas, empreendedoras e profissionais no mercado de trabalho, é preciso um profundo sentimento de pertencimento e uma energia de sobra. E aí entra, primeiramente, a identificação das suas missões pessoais e, em seguida, o planejamento pessoal e emocional diário para cumpri-las .

Deixo uma mensagem: Quando eu lidero as minhas emoções, a minha vida pessoal, estou pronta para liderar o outro e suas ações, criando e expandindo as ideias, podendo contribuir de forma positiva com cada setor com melhor desempenho.

Depois de passar por momentos muito difíceis na área profissional, dores emocionais que culminaram em dores físicas, criei um planejamento pessoal diário com novos hábitos de vida, conhecidos como reprogramação da mente de maneira natural. Uma nova rotina de vida, no intuito ter uma gestão emocional e física.

Expandiu tanto a minha mente que percebi que meu lugar não era mais dentro da fazenda na área de gestão e, sim, ensinando do lado de fora da porteira as pessoas a terem uma gestão emocional e rural, trazendo mais qualidade de vida tanto para quem produz quanto para quem coopera na produção.  Recentemente desenvolvi meu mais novo projeto: o Liderança Feminina no Agronegócio.

O objetivo do curso é exatamente este, levar novas formas de planejamento pessoal, trabalhar o autoconhecimento, possibilitando reconhecer e autogerenciar as nossas emoções, através de ferramentas de autodesenvolvimento, ampliando as habilidades comportamentais, o que resulta na capacidade em liderar negócios e pessoas sem o peso da obrigação. Uma nova rotina, trazendo mais organização, qualidade de vida e bem-estar, levando em conta as multipotencialidades e multitarefas dessa mulher, como diz o ditado: “Quando cuido bem de mim, fisicamente e mentalmente, estarei pronta para decidir o que quero cuidar bem daquilo que eu decidi”.

Liderar com mais qualidade de vida, pertencimento e amor otimiza os resultados, o que reverbera na equipe a satisfação de trabalhar com mais desempenho e satisfação.