HomeEconomia

Produtores rurais são remunerados por conservação ambiental

Produtores rurais são remunerados por conservação ambientalFoto: Liga Do Araguaia/Divulgação

Importações de soja brasileira pela China despencam em agosto
Carne rastreada e livre de desmatamento de Mato Grosso chega à rede Carrefour
Ministérios querem Plano Safra com foco na agricultura de baixo carbono

O que era aspiração virou realidade: o produtor rural passou a ser recompensado financeiramente por preservar o meio ambiente. Isso graças a uma parceria entre o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e a Liga do Araguaia para a execução do projeto CONSERV no Araguaia, privado e de adesão voluntária que reconhece o papel do produtor rural na manutenção de mata nativa. Os seis produtores selecionados são do Médio Vale do Araguaia e serão apresentados em evento on-line no dia 3 de maio, pelo Youtube do Ipam.

Lançado em 2020 e desenvolvido pelo IPAM – em parceria com o EDF (Environmental Defense Fund) e com o Woodwell Climate Research Center -, o CONSERV opera em municípios de Mato Grosso, nos biomas Amazônia e Cerrado.

“Depois de 43 anos cuidando de uma floresta, não deixando fogo entrar e ninguém desmatar, agora com os meus 73 anos, acredito merecer receber alguma compensação financeira pelos serviços prestados à natureza e para a população. Cuidar de floresta custa muito caro”, afirmou Luiz Ferreira, da Fazenda Brilhante, em Barra do Garças (MT).

A Liga do Araguaia busca promover o desenvolvimento econômico e social da região do Médio Araguaia matogrossense, por meio do aumento da produtividade e da renda, respeitando a legislação vigente e os limites dos sistemas naturais, mostrando na prática uma pecuária sustentável capaz de aliar produção e conservação.

“O que me motivou a entrar no CONSERV no Araguaia foi a possibilidade de aliar o fator financeiro com a conservação do meio ambiente. Durante muitos anos minha família conservou a propriedade que veio dos meus avós, e conservar despende dinheiro. O CONSERV no Araguaia nos ajuda a seguir nesse caminho da preservação”, afirmou Dilermando Francisco Lunardi, pecuarista em Araguaiana (MT).

Outro produtor rural de Barra do Garça, Carlos Roberto Della Libera Filho, relata o quão importante é a recompensa ambiental para quem está no campo, já que muitas vezes a alternativa mais usada é abertura de terra com destruição ambiental.

“Pela primeira vez na minha vida de produtor rural, que já é extensa, eu vejo uma ferramenta que surge para nos ajudar. Isso é importante, pois não basta apenas falar para não desmatar; tem que incentivar a não supressão. Se o produtor vai conservar uma área que ele tem direito de abrir, é necessário que ele seja recompensado. O CONSERV no Araguaia está fazendo isso”, afirmou o produtor que adota em sua propriedade o sistema ILPF (integração lavoura-pecuária-floresta) e pratica a suinocultura orgânica, apicultura orgânica e criação de muares.

O pecuarista Vivaldo Costa Águiar, com fazenda em Pontal do Araguaia (MT), conta que sempre entendeu o valor da floresta em pé e, por isso, relutava em derrubá-la.

“A nossa propriedade é pequena, temos poucas áreas abertas e sempre fomos relutantes em suprimir mais, pois sabemos da importância da floresta em pé. Esse projeto permite que continuemos conservando e sejamos remunerados”, disse.

A pecuarista Liliana Maria Crego Forneris, da Fazenda Califórnia, em Novo São Joaquim (MT), também celebra o projeto porque conservação gera custos, o que é um desestímulo ao produtor.

“Sempre fui muito preocupada com a conservação da floresta e do solo. Tenho aversão ao uso da grade, por exemplo. Sei da importância da vegetação para a sociedade como um todo. Porém, preservar e proteger a floresta contra incêndios gera custo ao produtor. O CONSERV no Araguaia faz uma quebra de paradigmas e, pela primeira vez, o produtor passa a ser remunerado por isso”, afirmou ela.

Para o agricultor Geraldo Antonio Delai, da Fazenda Tanguro, em Canarana (MT), a recompensa se transforma numa forma de mostrar à sociedade a convivência real e possível entre o agronegócio e a preservação ambiental.

“O que me levou a participar da iniciativa foi a oportunidade de mostrar para as pessoas que não conhecem o campo que nós, ainda que sejamos eficientes na produção, também conservamos uma parte da propriedade com reservas nativas além daquilo que somos obrigados a preservar”, disse o produtor de soja, milho, gergelim, feijão, girassol, milheto, braquiária, dentro do sistema de integração lavoura-pecuária, com a criação de bovinos com ciclo completo.

Evento

Detalhes do projeto serão apresentados no dia 3 de maio pela Liga do Araguaia e o IPAM, no YouTube, em evento com a participação do banqueiro Cândido Bracher, integrante do conselho de administração do Itaú Unibanco.

O evento contará ainda com apresentações de André Guimarães e Lucimar Souza, diretores do IPAM, Caio Penido e José Carlos Pedreira de Freitas (Liga do Araguaia), além de produtores da Liga do Araguaia que aderiram ao projeto.

Evento:

Valorizando florestas em propriedades privadas: CONSERV no Araguaia
Dia 3 de maio de 2022
Horário: das 10h às 11h30
Local: Youtube do IPAM

Assista

Já conhece o AgroPapo do Gigante 163 no YouTube? A nova edição é com o pecuarista Frederico Simione, membro da Liga do Araguaia. Frederico sempre viu a adoção de inovações sustentáveis como uma grande aliada, não só por conta dos seus impactos sociais e ambientais, mas também pelos inúmeros benefícios que retornam ao próprio produtor. 

Fonte: Liga do Araguaia

LEIA TAMBÉM:
Cerco ‘se fecha’ contra fornecedor de carne ilegal, diz gerente da PCI