Por Rodrigo Malafaia
O Pantanal sofreu, de 2020 para cá, dois recordes históricos de incêndios. No entanto, antes disso, o bioma já entrava nas piores estatísticas do fogo no Brasil. Conforme aponta levantamento divulgado pelo Mapbiomas, de 1985 até 2020, a região perdeu 74% da superfície de água e foi a que mais sofreu com o fogo no País, tendo mais de 57% do seu território destruído.
As queimadas descontroladas deixaram uma dolorosa memória aos brasileiros com imagens de animais carbonizados e casos como o da onça Joujou, resgatada com suas patas queimadas. Visando minimizar tais danos, o Governo do Mato Grosso, com o Corpo de Bombeiros Militar (CBMMT), está planejando uma série de medidas para combater a temporada de incêndios, o que inclui uso de tecnologia para detectar alertas de desmate e ação de infratores. Confira.
Prevenção e Combate
Com o maior orçamento ambiental do Estado, a prevenção e combate aos crimes ambientais receberam o valor de R$ 31,3 milhões desde janeiro deste ano. Fazem parte destas ações a elaboração e implementação do Plano de Operações da Temporada de Incêndios (POTIF), de campanhas para conscientização das pessoas sobre o alastramento do fogo, confecção de abafadores e capacitação de brigadistas rurais.
As áreas de prioridade no plano de ações do governo são, respectivamente, as Unidades de Conservação (UC); as áreas de interesse público; as propriedades circunvizinhas a UCs e, por último, as demais propriedades privadas.
Investimentos no Corpo de Bombeiros
Por meio das suas 25 Unidades Operacionais (UBOP), sendo uma delas especializada em Emergências Ambientais (BEA), o Corpo de Bombeiros Mato-Grossense mobilizou um efetivo de 1.325 bombeiros, que contam com o apoio dos brigadistas para o combate ao fogo.
O Mato Grosso conta agora com “12 novos caminhões autotanque (já entregues em todas as Unidades Regionais) e um reforço especial à nova unidade do 3º Comando Regional do Corpo de Bombeiros Militar com quatro viaturas de resgate e um caminhão auto tanque, no município de Sinop, uma das cidades prioritárias no combate às queimadas,” segundo nota oficial do CBMMT.
Brigadistas e abafadores
No período, serão mobilizados 82 Instrumentos de Resposta Temporários (IRTs), coletivos compostos por Brigadas Temporárias, Bases Descentralizadas de Bombeiros, Militares e Equipes de Intervenção e Apoio Operacional, para reagir à Temporada de Incêndios, com um efetivo de 180 brigadistas temporários, além do pagamento de um efetivo de 1 mil militares responsáveis pelo combate e prevenção.
Houve, segundo a tenente-coronel Jusciery Marques, representante do Corpo de Bombeiros, a confecção e distribuição de 2 mil abafadores para comunidades tradicionais, facilitando a capilarização das reações às queimadas.
“Os abafadores”, explica a tenente-coronel, “são feitos a partir de borrachas doadas e madeiras apreendidas, configurando-se como instrumentos sustentáveis”.
Notificação dos proprietários e monitoramento
Utilizado para averiguar regiões de altos índices de desmatamento, com possibilidade de alastramento do fogo e focos de calor, o monitoramento recebe um investimento de R$ 6,4 milhões, enfatizando o uso de imagens de satélite de alta resolução com alertas de desmate, sensoriamento remoto para exploração de madeira e notificação de proprietários por degradações relacionadas aos focos de calor, por meio da Operação Infravermelho.
Com a mobilização de equipes locais em todas as unidades com risco iminente, a tenente-coronel Jusciery explica que “o objetivo da operação é garantir que os bombeiros estarão preparados antes do fogo se espalhar”.
Direcionados a áreas com possibilidade incendiária, ou acionando os brigadistas locais, a reação antecipada pelo uso de satélites, drones e aeronaves, os Bombeiros pretendem impedir que as chamas se espalhem pela mata seca criando incêndios.
“Os proprietários que seguirem desrespeitando as normas e notificações, podem ser autuados imediatamente”, alerta a representante do Corpo de Bombeiros.
Programa Carbono Neutro MT
Com o objetivo de manter o funcionamento do Comitê Estratégico para o Combate do Desmatamento Ilegal, a Exploração Florestal Ilegal e aos Incêndios Florestais (CEDIF), o Governo declara ter aportado o valor de R$ 170 mil para o Comitê do Fogo e para a implementação do Programa Carbono Neutro MT, que pretende “engajar a iniciativa privada nas ações de combate à destruição ilegal das florestas”, explica em nota oficial. Ambos, fogo e desmatamento, andam de mãos dadas na proporção de desastres inflamatórios na temporada, pois uma queima local para limpeza de mato pode se alastrar desproporcionalmente na seca.
Fonte: Corpo de Bombeiros Militar (CBMMT)
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