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Críticas de banqueiros a decreto de mercado de carbono citam ‘hipocrisia ética’

Críticas de banqueiros a decreto de mercado de carbono citam ‘hipocrisia ética’Participantes do Congresso Mercado Global de Carbono, no Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

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O Gigante 163 informou ontem que o Governo Federal anunciaria naquele dia um novo decreto regulador de crédito de carbono no Brasil, o que não ocorreu, durante o Congresso Mercado Global de Carbono. Nesta quinta-feira, 19/05, as reações vieram à tona. As mais críticas foram de banqueiros.

O presidente do conselho de administração do Santander, Sergio Rial, por exemplo, afirmou que há “hipocrisia ética” dos mercados de capitais sobre investimentos verdes, já que muitos investidores defendem a importância do tema, mas não aceitam receber retorno menor, conforme relata o jornal “Valor”.

“O investidor não está preparado para receber menos por bônus verde. Instituições financeiras precisam começar a ter esse papel, primeiro de dizer se o instrumento é verde mesmo e depois de confrontar os mercados. Muitos fundos que advogam a importância da questão climática não estão dispostos a retorno inferior”, disse Rial.

O presidente do Banco do Brasil, Fausto Ribeiro, foi pelo mesmo caminho: “Precisamos fazer um chamamento aos investidores, porque, sem essa perna, não adianta o governo regulamentar, os bancos encontrarem compradores e vendedores”. “Os ativos com pegada ecológica, ambiental comprovada, têm que ter uma precificação diferente. Os investidores precisam estar dispostos a receber um pouquinho menos.”

Ribeiro defendeu que empresas com boas práticas ligadas ao meio ambiente tenham taxa de juros menor que as do mercado, como um “bônus verde”. “Há muito a se fazer, talvez o maior desafio é chegar num prêmio verde, em que as taxas de juros que incidem sobre o financiamento rural ou da agroindústria [sejam menores] para alguém que adote boas práticas”, afirmou.

Sylvia Coutinho, CEO do UBS no Brasil, disse que a tal “economia verde” ainda não é viável. “Como se monetiza, como se atribui valor a esse ativo? O mercado de carbono ainda é basicamente de balcão [OTC], e nós do UBS estamos ajudando a fomentar uma plataforma de carbono, em blockchain, para dar transparência, liquidez e escala a esse mercado”.

Ela reforçou que é preciso mudar já a chave para o entendimento de que a floresta em pé é mais valiosa que derrubada. “Quando os produtos começarem a ser precificados com base na sua pegada de carbono, o aço do Brasil, que usa energia limpa, pode se tornar mais barato que o aço da China”.