Assim como o mercado financeiro opera com uma carteira de investimentos variada, a diversificação da produção agrícola também pode ser encarada como uma boa estratégia para regenerar áreas degradadas e ainda cumprir com duas funções simultâneas: contribuir para a saúde do solo e representar estratégia de mercado.
Conforme publicação da Exame, o tema permeia os debates em diversos painéis da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-28), em Dubai, nos Emirados Árabes.
A diverssificação foi defendida, por exemplo, por João Adrien, head de ESG Agro do Itaú BBA. Durante painel promovido pelo Pacto Global da ONU, ele citou o dado do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) de que 2% dos imóveis rurais concentram 50% do Valor Bruto da Produção.
“O que fazer com os outros 98%? É preciso inseri-los em novas cadeias produtivas, e talvez a soja e a pecuaria não sejam solução para todo mundo. É até bom que não seja, para trazer diversidade e consolidar novos modelos produtivos”, afirma.
Francine Leal, chairman da Vitrine da Biodiversidade Brasileira, defende a mesma causa em prol das espécies nativas. Na busca por ampliar o leque afora de soja, café ou arroz, que são commodities exóticas, ela exalta incentivar o banco de sementes de culturas nativas.
“Qual o potencial da nossa agricultura do ponto de vista de espécies nativas, como mandioca, baru, cacau? É preciso unir forças para continuar sendo potência em agricultura e continuar a valorizar o que se tem, com potencial de bioeconomia para o País”, diz.
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