Por André Garcia
Da mesma forma como vem mostrando seu potencial na produção de alimentos, o Brasil também é um dos países com o maior potencial de geração de crédito de carbono e atração de financiamentos para esta finalidade. Para tanto, deve-se olhar para o agronegócio como prioridade e como setor estratégico na geração de serviços ambientais.
Foi o que destacaram os especialistas que participaram do Dia do Agro, painel realizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) neste domingo, 12/10, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-28).
Para o embaixador Roberto Azevedo, presidente da Iniciativa Internacional para o Agronegócio Brasileiro, esta é uma realidade mundial e no Brasil não será diferente. Entre as vantagens que podem acelerar o processo no país, ele citou os métodos produtivos avançados já adotados pela agropecuária.
“O mercado vai acontecer. A questão é quando. Até porque será uma forma de harmonizar a relação entre os países e no esforço de descarbonização. Mas é um tema complexo que exige muita conversa, muita base científica e estamos aqui conversando com peritos para dar uma direção certa para o produtor”, disse.
Já o professor Carlos Eduardo Cerri, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), reconheceu que há muitos desafios para o crédito de carbono, mas afirmou que também há muitas oportunidades diante das particularidades brasileiras.
“Seria uma valorização da atividade agropecuária, que produz alimentos, fibras e energia que são parte da solução quando se trata de aquecimento global, e não o problema. Aqui podemos ousar outras formas de energia que não sejam fósseis”.
É importante lembrar que outras questões devem acompanhar a implantação do mercado de carbono, como a regularização fundiária. Neste contexto, a vice-presidente de sustentabilidade e relações institucionais da Syngenta, Grazielle Parenti, falou do conceito ESG (Ambiental, Social e Governança) como ferramenta para esse processo.
“O G precisa funcionar para fazer o E e o S acontecerem, para os créditos de carbono deem os retornos esperados para o produtor”, concluiu.
LEIA MAIS:
COP-28: Diversificação é chave para recuperar áreas degradadas
COP-28: Gigantes do agro se comprometem a não comprar soja ligada à devastação
COP-28: segurança climática depende de revolução na agropecuária
COP-28: Bioeconomia amplia produtividade e evita colapso climático
COP28: Quase 30% da madeira explorada na Amazônia é ilegal
COP28: Pasto é maior vetor de desmate da Amazônia na América do Sul
COP28: Sistema agroalimentar é parte da solução para crise climática