Por André Garcia
Mato Grosso ocupa a segunda colocação no ranking da exploração ilegal de madeira na Amazônia, respondendo por 31% da atividade criminosa na região. O Estado perde apenas para o Pará (46%) e é seguido por Roraima (29%), Rondônia (19%), Amazonas (9%) e Acre (2%).
Os dados constam do “Mapeamento da exploração madeireira na Amazônia”, lançado nesta sexta-feira, 8/11, pela Rede Simex (Imazon, Idesam, Imaflora e ICV) durante a COP-28, em Dubai (Emirados Árabes).
“Esse índice de exploração não autorizada é muito alto e representa graves danos socioambientais para a Amazônia, bem como econômicos, especialmente associados à cadeia produtiva da madeira”, diz trecho do estudo
Ao todo, 396 mil hectares da Amazônia foram explorados para a extração de madeira entre agosto de 2021 e julho de 2022. Desse total, 288.139 hectares (73%) foram autorizados pelos órgãos ambientais, enquanto 106.477 hectares (27%) foram explorados de forma ilegal.
Considerando o total explorado, autorizado ou não, Mato Grosso respondeu por 65,8%, seguido pelo estado do Amazonas com 12,8%, Pará com 9,8%, Acre com 6,5%, Rondônia com 4,7% e Roraima com menos de 1%.
Cenário preocupante
O cruzamento dos dados revelou um cenário preocupante: 25,6% da ilegalidade se concentrou em terras indígenas (19,5%) e unidades de conservação (6,1%). Outro dado que chama a atenção é que a maior parte (60,9%) da exploração ilegal foi identificada em imóveis rurais com Cadastro Ambiental Rural (CAR).
“São imóveis rurais privados, em que os dados de propriedade e proprietário são de conhecimento dos órgãos ambientais, portanto passíveis de fiscalização e responsabilização”, explica o gerente de cadeias florestais do Imaflora, Leonardo Sobral.
Comparando com o período anterior, foram verificados aumentos nas áreas exploradas nos estados do Acre (135,8%), Amazonas (236,9%), Rondônia (13,9%) e Roraima (32,8%). E reduções nos estados do Pará (32,5%) e Mato Grosso (6,3%).
Dados por municípios
Os dez municípios com mais áreas exploradas sem autorização somaram quase metade (53,7%) de toda a extração não-autorizada no período. Nessa lista, nove estão localizados em Mato Grosso e um no Pará. Somente o município de Colniza, no noroeste mato-grossense, teve mais de 12 mil hectares de exploração madeireira ilegal.
De acordo com o estudo, a manutenção de um cenário com percentuais elevados de ilegalidade tem consequências danosas e duradouras não apenas para a manutenção da floresta.
“Sem o manejo florestal sustentável, a extração ilegal de madeira pode levar a floresta à degradação, tornando-a mais suscetível a incêndios e perda de biodiversidade, além de representar maior risco de conflitos fundiários e deixar de gerar empregos formais e renda”, reforça o relatório.
Transparência
A análise da rede Simex foi feita a partir do cruzamento entre a exploração madeireira mapeada e os dados das autorizações emitidas. No documento, o grupo reconhece uma “lenta melhora” no acesso a esses dados.
Para cada área de extração madeireira mapeada foi verificada a existência de licença válida para Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS) ou Plano de Exploração Florestal (PEF), que no caso é a Autorização para Exploração Florestal, no período de análise deste trabalho (agosto de 2021 e julho de 2022).
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