Exatamente 24 horas após o fim oficial da COP28, os 220 países presentes na Conferência do Clima em Dubai, nos Emirados Árabes, conseguiu aprovar um documento mais forte em relação à eliminação dos combustíveis fósseis do que o primeiro texto que circulou há alguns dias.
O texto, destaca o Valor, reconhece a “necessidade de reduções profundas, rápidas e sustentadas das emissões de gases de efeito estufa, em conformidade com as trajetórias de 1,5°C”, e apela aos países para outros seis objetivos energéticos. Assim, pede que se “acelerem os esforços no sentido da eliminação progressiva da produção de energia a partir do carvão” e busca a transição para emissões líquidas zero, “utilizando combustíveis com zero ou baixo teor de carbono muito antes ou até meados do século”.
Apesar das críticas, a Folha ressalta que o teor do documento, inédito, sinaliza que a era do petróleo pode estar se encaminhando para o fim, ainda que a linguagem escolhida seja mais fraca do que a necessária para a urgência de conter as mudanças climáticas, apontam especialistas em clima e líderes de países-ilha, os mais vulneráveis às consequências do aquecimento do planeta.
Assim, a COP28 se tornou a primeira conferência do clima a citar em seu documento final uma rota de saída para os combustíveis fósseis.
“É um pacote histórico. Muitos disseram que não poderia ser feito, mas foi aprovado por consenso”, disse seu presidente, Sultan Al-Jaber.
Em fala na plenária, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, comemorou o resultado por incluir no texto final o objetivo de frear o aquecimento em 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, a meta mais ambiciosa do Acordo de Paris. O documento de 2015 cita a possibilidade de aquecimento até 2°C, o que representa um risco maior de eventos climáticos extremos.
Marina reforçou que os países desenvolvidos precisam tomar a dianteira na transição energética e assegurar os “meios necessários para os países em desenvolvimento poderem implementar suas ações de mitigação e adaptação”. Nas discussões ao longo das últimas semanas, o Brasil, que levou a maior delegação desta COP (1.337 participantes), defendeu uma linguagem mais forte para o compromisso sobre combustíveis fósseis.