Por Vinicius Marques
Segundo nota técnica divulga pelo Instituto Centro de Vida (ICV), entre agosto de 2020 a julho de 2021, o desmatamento no bioma do Cerrado foi de 8.531 km², representando um aumento de 7,9% quando comparado ao dado do ano anterior.
O Estado de Mato Grosso foi o quinto que mais contribuiu no período, sendo responsável por quase 10% de toda alteração antrópica detectada, que corresponde a 803 km² — um aumento de 4% em relação aos meses de agosto de 2019 a julho de 2020. O município com maior área de Cerrado desmatada no estado em 2021 foi Cocalinho, com 59 km² de novas áreas abertas.
“Dez municípios responderam por 42% de todo o desmatamento mapeado no Estado. Esses municípios se concentram principalmente nas regiões centro-sul e nordeste do Estado”, aponta o relatório, com base em dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Dos 88 municípios do Cerrado mato-grossense que apresentaram áreas desmatadas no período, 41 deles apresentaram pelo menos alguma área com desmatamento legal.
“Ainda assim, a legalidade dentre esses municípios foi de apenas 25% do total desmatado”, indica o ICV. Os dados são alarmantes, uma vez que criminosos fundiários prejudicam a imagem do agronegócio no mercado externo.
Entre as cidades destacadas com ao menos 1 km² de desmate legal, Campos de Júlio é a que apresentou maior área desmatada legalmente, cerca de 15,1 km². Em contrapartida, aquele com maior desmate ilegal da lista é o município de Ribeirão Cascalheira, com cerca de 43 km², e em segundo lugar Paranatinga, com 37,8 km² de alteração irregular.
“Cerca de 70% de toda a área de Cerrado destruída ilegalmente em imóveis rurais cadastrados se concentrou em apenas 300 imóveis, o que representa menos de 1% do total de imóveis no Cerrado mato-grossense”, relata o estudo.
“Do desmatamento ilegal detectado em imóveis rurais cadastrados, 51% se concentrou em grandes imóveis, com mais de 1.500 hectares, seguido dos imóveis médios, que possuem entre 400 e 1.500 hectares (31%)”, afirma a nota do ICV. Ao mesmo tempo, as menores propriedades a descumprirem com a lei (de até 400 hectares) correspondem a apenas 18%; 52,3% de toda a área desmatada correspondem aos polígonos detectados pelo Inpe com mais de 50 hectares. Os crimes ambientais, em sua maioria, são realizados por grupos e facções extensas, afetando produtores que operam dentro da legalidade, sejam eles de pequeno, médio ou grande porte.
“Vivemos uma crise global de sustentabilidade. Nesse momento, todas as atenções se voltam para o Brasil — onde a gente produz muito e tem grande biodiversidade — e se concentram no Mato Grosso, Estado central que tem floresta amazônica, Cerrado, Pantanal, rios e um agro crescente e pujante”, diz o presidente do Instituto Mato-Grossense da Carne (Imac), Caio Penido, em coletiva de imprensa do mês anterior, em que o Gigante 163 esteve presente.
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