O relatório do observatório europeu Copernicus divulgado nesta terça-feira, 9/1, confirmou que com temperaturas em níveis recordes, o ano de 2023 foi o mais quente já registrado. De forma inédita, todos os dias dentro de um ano ficaram 1°C acima do nível pré-industrial de 1850 a 1900 – sendo que, em metade de 2023, os termômetros chegaram a ultrapassar 1,5°C e, em dois dias de novembro, ficaram 2°C mais quentes. Foram as temperaturas mais elevadas nos últimos 100 mil anos. As informações são do G1.
“2023 foi um ano excepcional com recordes climáticos caindo como dominós. Não apenas 2023 foi o ano mais quente registrado, como é o primeiro ano com dias 1°C mais quentes do que a era pré-industrial. As temperaturas em 2023 provavelmente foram as mais altas ao menos nos últimos 100 mil anos”, disse Samantha Burgess, vice-diretora do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus da União Europeia.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, o diretor do Copernicus, Carlo Buontempo, frisou que o recorde significa que as atividades humanas nunca tiveram de lidar com um clima tão quente e reiterou que é urgente de limitar as emissões globais.
“A menos que nós consigamos rapidamente estabilizar a concentração de gases-estufa na atmosfera, nós não podemos esperar resultados diferentes daqueles que vimos nos últimos meses. Pelo contrário, seguindo a trajetória atual, em alguns anos, o ano de recordes de 2023 provavelmente será lembrado como um ano fresco”.
Cientistas seguem em alerta
Os cientistas reconhecem que o cenário do ano passado “abre um precedente terrível”. Um fator crítico para os valores incomuns apresentados em 2023 foram as altas temperaturas nos oceanos. As temperaturas médias globais da superfície do mar atingiram, de abril a dezembro, valores recordes para o período.
O documento apontou que 2023 teve níveis recordes de concentração de gases-estufa. Os níveis de dióxido de carbono foram 2,4 ppm (partes por milhão) superiores aos do ano anterior, atingindo, segundo as estimativas, 419 ppm. A taxa de aumento foi semelhante ao dos anos anteriores.
Calorão no Brasil deve continuar em 2024
A Folha também ouviu o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), que endossou o fato de que 2023 foi o mais quente já registrado no Brasil. De acordo com o órgão oficial da previsão do tempo no país, a média do ano passado chegou a 24,92°C, superando 2015 e 2019. Vale ressaltar que o ano foi marcado por extremos climáticos, como seca e temporais.
Para quem espera um refresco, é melhor preparar a hidratação e o protetor solar porque a combinação de oceanos e planeta mais quentes com os efeitos do El Niño deve causar ondas de calor e possíveis recordes de temperatura neste verão, segundo cientistas.