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2024 foi marcado por chuvas irregulares

2024 foi marcado por chuvas irregularesSecas e enchentes estão cada vez mais comuns. Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

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O ano de 2024 bateu o recorde de temperatura média global, ficando 1,6°C acima dos níveis pré-industriais. Além do calor, as chuvas também caíram em volume acima da média e foram distribuídas de forma irregular, o que afetou diversas regiões do mundo. Enquanto o sul da Ásia e a Austrália enfrentaram inundações, a América do Sul, incluindo o Brasil, sofreu com a seca, especialmente na Amazônia e Pantanal.

Essas conclusões vêm de um estudo publicado por cientistas do Centro Interdisciplinar de Ciências do Sistema da Terra, da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos. A pesquisa analisou dados do Global Precipitation Climatology Project e apontou que, em 2024, a média global de chuvas aumentou, chegando a 2,9 mm por dia — um provável recorde.

Impactos para o produtor rural

Para o produtor rural, tanto o excesso quanto a falta de chuva são prejudiciais. Quando chove demais, por exemplo, há risco de enchentes, erosão do solo, encharcamento das lavouras e proliferação de doenças nas plantas.  Na Pecuária, há o encharcamento do solo, prejudicando o desenvolvimento das plantas forrageiras, que servem de alimento para o gado. A umidade excessiva também aumenta a incidência de doenças e parasitas em animais, como verminoses e doenças do casco.

Na seca, a falta de água limita o crescimento das lavouras, reduz a produtividade e pode levar à morte das plantas em casos mais graves. A seca também aumenta a incidência de pragas e doenças, que se proliferam. Para os pecuaristas, a seca causa a diminuição da oferta de alimento para os animais, já que as plantas forrageiras não se desenvolvem adequadamente. Essa redução na qualidade e quantidade de alimento leva à diminuição do peso e da produtividade dos animais, além de aumentar a necessidade de suplementação alimentar, o que eleva os custos de produção.

No Brasil, esses impactos foram sentidos de forma clara: enquanto a Amazônia enfrentou uma das piores estiagens dos últimos anos, prejudicando plantações e pastagens, o Rio Grande do Sul sofreu com as inundações, que causaram perdas agrícolas significativas. Especialistas alertam que essa situação evidencia como as mudanças climáticas impactam a produção rural de maneiras distintas em cada região do país, exigindo cada vez mais planejamento e adaptação dos produtores.

El Niño e o Aquecimento Global

O estudo também aponta que as secas e as chuvas extremas foram intensificadas pelo fenômeno El Niño, que aquece a superfície do oceano Pacífico e altera os padrões de chuva e temperatura ao redor do mundo. Esse fenômeno natural, somado ao aquecimento global, está tornando os eventos climáticos mais extremos.

“Vemos a temperatura do Pacífico aumentar durante o El Niño e diminuir durante o La Niña. Mas, ao fundo, há um aumento gradual da temperatura, que é resultado da mudança climática. Essa variabilidade natural está sendo intensificada pelo aquecimento global”, explica José Marengo, climatologista e coordenador de pesquisa e desenvolvimento do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais).

Segundo Marengo, os extremos climáticos estão se tornando ainda mais intensos. “As áreas chuvosas, especialmente as oceânicas, estão ficando ainda mais chuvosas, enquanto regiões continentais, como o México, parte da Amazônia, algumas áreas do sul da África e do Mediterrâneo europeu, estão ficando mais quentes”, afirmou.