A restauração ecológica não existe sem as pessoas. Essa foi a mensagem central reforçada durante o encontro realizado em Alto Paraíso (GO), entre os dias 4 e 6 de fevereiro, que reuniu organizações escolhidas para executar iniciativas de recuperação ambiental no Cerrado e no Pantanal.
O evento marcou o lançamento das ações do Edital Corredores de Biodiversidade, uma parceria entre a Petrobras, o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) – responsável pela concepção do programa Floresta Viva.
Os 12 projetos selecionados têm como meta restaurar 2,7 mil hectares de áreas degradadas nos próximos quatro anos, um marco inédito para o Cerrado, bioma crítico para a biodiversidade e os recursos hídricos do país. A iniciativa não apenas busca recompor ecossistemas, mas também integrar comunidades locais, reforçando que a preservação ambiental caminha lado a lado com o engajamento social.
“O FUNBIO sempre teve esse papel de articulação entre os financiadores e as pessoas que colocam a mão na terra e fazem os projetos acontecerem. Nosso papel é promover essas pontes e contribuir para capilarizar os recursos para a conservação da biodiversidade. A restauração está dentro da nossa estratégia. Estamos na década da restauração e o Floresta Viva tem o objetivo de impactar cerca de 30, 35 mil hectares em diferentes biomas brasileiros”, diz Rodolfo Marçal, gerente da iniciativa no FUNBIO.
A Rede de Sementes do Cerrado (RSC) capacita coletores e associações parceiras há 20 anos, contribuindo para a cadeia da restauração com um impacto em mais de 1.300 coletores, por ano.
Uma dessas associações impactadas é a Cerrado de Pé, que junto com a Rede e outros grupos de base comunitária vão restaurar 200 hectares divididos por quatro corredores de biodiversidade, incluindo 36 hectares no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (PNCV), em Goiás, onde os participantes do encontro fizeram uma visita de campo para conhecer diferentes técnicas de restauração ecológica.
“Quando a gente fala em restauração temos que lembrar que ela não é só a semente ou a muda chegando no solo. Antes disso, tem uma cadeia que precisa ser estruturada, e para estruturar essa cadeia a gente precisa olhar para as pessoas. As pessoas que vão coletar essas sementes, as pessoas que vão estar nos seus territórios, preservando o lugar onde elas vivem, para que sejam fonte de sementes para, aí sim, começar a pensar na restauração”, diz Anabele Gomes, presidente da RSC.
O Edital Corredores de Biodiversidade contempla ações de restauração em cinco estados (Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais) e no Distrito Federal e é um dos oito já lançados pela iniciativa Floresta Viva, desde 2021. Iniciativa é o maior matchfunding para a restauração ecológica do Brasil. Um parceiro financeiro aporta um valor para restauração e o BNDES duplica o investimento. O FUNBIO atua como gestor que acompanha a realização das ações em campo e também gerencia os recursos