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Abertura de pastagem causa 90% do desmate na Amazônia

Abertura de pastagem causa 90% do desmate na AmazôniaPastagem de gado em área proibida na Amazônia em MT. Foto: Bruno Kelly/Greenpeace

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Por André Garcia

A abertura de pastagem foi a principal causa do desmatamento da Amazônia nas últimas quatro décadas, tendo crescido mais de 363% segundo levantamento inédito do MapBiomas. A partir de análises de satélite, constatou-se que a área derrubada passou de 12,7 milhões de hectares em 1985 para 59 milhões de hectares em 2023.

Enquanto a vegetação recua, a agropecuária avança, com crescimento de 417% neste período. De acordo com o levantamento, divulgado nesta quinta-feira, 3/10, mais de 90% das áreas desmatadas tiveram como primeiro uso a pastagem.

Na agricultura, o aumento foi de 4.647%, o que representa um salto de 154 mil hectares para 7,3 milhões de hectares. A quase totalidade (97%) desta área é ocupada por lavouras temporárias, com predomínio da soja, que responde por 80,5% da produção. Em 2023, a oleaginosa ocupava 5,9 milhões de hectares no bioma.

Já a área dedicada à silvicultura passou de 3,2 mil hectares para 360 mil hectares, um aumento de mais de 110 vezes em 39 anos.

No período, a Floresta Amazônica perdeu 14% de sua vegetação nativa, ficando cada vez mais próxima de um estágio em que sua recuperação não será mais possível, conforme explicado pelo pesquisador do Imazon e membro da equipe do MapBiomas, Jailson Soares.

“A continuidade dessa perda pode levar a região ao chamado “ponto de não retorno”, ou tipping point. Nesse estágio, o bioma amazônico perderia sua capacidade de manter funções ecológicas essenciais e de se recuperar de distúrbios como queimadas e exploração madeireira, resultando em uma degradação irreversível da floresta”, diz.

Superfície de água

O mapeamento da superfície de água na Amazônia também traz resultados preocupantes: as pastagens avançaram também sobre as áreas úmidas do bioma, que perderam 3,7 milhões de hectares. Além disso, foi observado aumento de corpos hídricos antrópicos, como barragens e reservatórios na região.

“Porém se ampliarmos a análise para todas as classes úmidas (Água, Floresta Alagável e Campo Alagado), nota-se uma tendência de redução das áreas úmidas na Amazônia, o que pode já ser um forte indício de mudanças climáticas no bioma”, explica o pesquisador do MapBiomas, Luis Oliveira.

 

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