Por André Garcia
Relações trabalhistas justas, responsabilidade socioambiental e rastreabilidade. Somados à tecnologia para o controle de pragas, estes fatores resultam em um algodão mais macio e indicam um padrão de sustentabilidade para a produção. A prática, certificada há quase duas décadas em Mato Grosso, acompanha tendências do mercado mundial e representa benefícios para o agricultor.
Isso porque, de acordo com o presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), Paulo Sérgio Aguiar, a prioridade para produções que consigam comprovar sua conformidade com as legislações ambientais e sociais vigentes vem aumentado, de modo que a demanda poderá se estabelecer em breve como uma exigência.
Não à toa, no Brasil, da colheita total da pluma, 77% já possui certificação socioambiental, segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). O País também é o maior fornecedor de algodão sustentável do mundo, com 36% de toda fibra licenciada pela ONG suíça Better Cotton Initiative (BCI) só em em 2021.
Em Mato Grosso, maior produtor nacional de algodão, onde a colheita corresponde a 2 milhões de toneladas anualmente, alguns critérios importantes já foram incorporados à cultura. A mudança começou em 2000, quando foram estabelecidos os primeiros protocolos referentes ao tema, atendendo, principalmente, às legislações trabalhistas, tributárias e ambientais.
De olho nisso, a Ampa criou o Instituto Algodão Social (IAS), em 2005. A finalidade era desenvolver uma entidade que orientasse os associados em relação a estas demandas, para garantir que, posteriormente, obtivessem a certificação sustentável. “Nesta primeira etapa o objetivo era mostrar aos produtores a importância de se enquadrar nas normas vigentes”, diz o presidente da entidade.
Ele também explica que, além do IAS, o Algodão Brasileiro Responsável (ABR) também concede a certificação.
“O instituto promove visitas às áreas de produção para checar todas as instalações e verificar a conformidade com a lei. Para que a produção seja sustentável, considera-se o cumprimento de uma série de protocolos adotados na lista de conformidades trabalhistas e ambientais.”
Outro fator importante neste processo é que o algodão brasileiro é, em sua maioria, rastreado, o que assegura a informação da pluma até o talhão, demonstrando, no caso daqueles que possuem o selo de sustentabilidade, se houve o manejo responsável do produto.
Há que se destacar ainda que a produção sustentável não significa, necessariamente, que é orgânica. Além disso, o uso de tecnologia, por si só, não garante o título.
“O que difere não é a tecnologia, já que a produção de algodão, por natureza, exige alta tecnologia e modernidade para aumentar a produtividade, mas, sim, a forma com que esse algodão é produzido”, conclui Aguiar.