Por André Garcia
Além de gerar renda e garantir segurança alimentar, o manejo sustentável de pequenas áreas agrícolas e de criações de animais dentro das cidades é uma estratégia para tornar os espaços urbanos mais resilientes às mudanças climáticas. É isso o que agora prevê o Programa Nacional de Agricultura Urbana e Periurbana (AUP), debatido em seminário realizado nesta quarta-feira, 13/9.
Instituída hoje pelo Governo Federal, a proposta vai estimular a transição agroecológica, a conservação das águas e do solo, e a restrição do uso de defensivos e insumos químicos de alta toxicidade. Além disso, ao manter os cinturões verdes nos perímetros urbanos, a ideia também é contribuir com a melhoria da qualidade do ar.
“Não é preciso ser cientista para perceber que o nosso clima está mudando, e muito rápido. Precisamos enfrentar esses novos desafios de forma conjunta e prática porque o problema chegou às nossas cidades”, afirmou o titular do MDS, Wellington Dias, lembrando o ciclone que nos últimos dias atingiu a região Sul do Brasil.
Durante o encontro, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, pontuou que é preciso quebrar o ciclo da injustiça social no país por meio de determinações que impactem as populações mais vulneráveis.
“Este é um exemplo muito importante porque se trata de uma forma muito criativa e eficiente de ajudar nas políticas de inclusão produtiva e combate à fome”, considerou. “Trabalhamos contra a desigualdade e em favor da sustentabilidade para criar um novo ciclo de prosperidade a partir da resiliência cultural de produção de alimentos”, disse.
Editais
O programa será conduzido pelo ministérios do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar; do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome; do Meio Ambiente e Mudança do Clima; e do Trabalho e Emprego, por meio de editais de financiamento destinados à aquisição de material de consumo, ou capacitação para as atividades a serem desenvolvidas.
São esperados ainda projetos para a circularidade dos alimentos, com ações que envolvam a produção, distribuição, o consumo e a reciclagem de resíduos orgânicos, que reúnam em um mesmo empreendimento, o ciclo completo, com a meta de reduzir o desperdício alimentar.
Reeducação alimentar
A iniciativa também é encarada como ferramenta para mudar a mentalidade da população sobre a alimentação nos centros urbanos, especialmente considerando o processo de reeducação alimentar que as hortas comunitárias promovem quando vinculadas a cozinhas solidárias e o resgate da cultura das plantas medicinais.
Foi o que avaliou o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira.
“Em 1970, nós éramos uma população rural, e agora somos urbanos. Precisamos recuperar essa cultura alimentar do povo brasileiro. A medicina tradicional do nosso povo está muito ligada ao consumo dessas plantas e elas fazem parte dos cuidados domésticos das famílias brasileiras tradicionais. Para isso criamos os quintais produtivos”, disse.
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