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Amazônia, Cerrado e Pantanal respondem por 95% das queimadas

Amazônia, Cerrado e Pantanal respondem por 95% das queimadasFormação florestal foi a classe de vegetação mais destruída na Amazônia. Foto: Joedson Alves/Agência Brasil

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Por André Garcia

Amazônia, Cerrado e Pantanal foram os biomas mais afetados pelas chamas em 2024 e respondem por 95,7% dos 30,8 milhões de hectares queimados no Brasil. Impulsionado pela seca e pela ação humana, o fogo destruiu principalmente a região amazônica, onde atingiu 17,9 milhões de hectares, o equivalente a 58% do total registrado no País.

Divulgados nesta quarta-feira, 22/1, os dados são da plataforma Monitor do Fogo, do MapBiomas, e mostram que a área atingida na Amazônia é maior do que o total queimado em todo o País em 2023, representando a pior marca dos últimos seis anos no bioma. Somente em dezembro as queimadas alcançaram 1,1 milhão de hectares.

“Esse recorde foi impulsionado por um regime de chuvas abaixo da média histórica, agravando as condições ambientais. Vale destacar que o fogo na Amazônia não é um fenômeno natural e não faz parte de sua dinâmica ecológica, sendo um elemento introduzido por ações humanas”, explica o pesquisador Felipe Martenexen.

Outro dado alarmante é que, no período, a formação florestal foi a classe de vegetação nativa que mais queimou na Amazônia: cerca de 6,8 milhões de hectares. Esse tipo de vegetação desempenha papel essencial na regulação do clima global, na captura de carbono, no regime hídrico e na manutenção da biodiversidade.

“A classe de formação florestal foi a mais atingida, superando pela primeira vez as áreas de pastagens, que tradicionalmente eram as mais afetadas. Essa mudança no padrão de queimadas é alarmante, pois as áreas de floresta atingidas pelo fogo tornam-se mais suscetíveis a novos incêndios”, acrescenta Felipe.

Cerrado

Os danos se alastraram por praticamente todo o Brasil. No Cerrado, 9,7 milhões de hectares foram queimados entre janeiro e dezembro de 2024, sendo que 85%, ou 8,2 milhões de hectares, ocorreram em áreas de vegetação nativa. O bioma também foi o segundo que mais queimou em dezembro do ano passado, com 88 mil hectares.

Segundo a pesquisadora do IPAM e da equipe do MapBiomas Fogo Vera Arruda, historicamente o Cerrado evoluiu com queimadas naturais, geralmente provocadas por raios. No entanto, o que tem se observado é um aumento expressivo do fogo impulsionado por atividades humanas e intensificado pelas mudanças climáticas.

“Um dado especialmente preocupante é o avanço das áreas queimadas em formações florestais, que atingiram em 2024 o maior valor registrado nos últimos seis anos, demonstrando uma mudança na dinâmica do fogo que ameaça ainda mais a biodiversidade e a resiliência desse bioma essencial”, avalia ela.

Pantanal

Já o Pantanal, que chegou ao ápice dos incêndios florestais em agosto, com 648.796 hectares atingidos, totalizou 1,9 milhão de hectares queimados em 2024. O número representa uma alta de 64% em relação à média dos últimos seis anos, e é inferior apenas ao registrado em 2020, quando o fogo consumiu 2,3 milhões de hectares.

Como no caso dos outros biomas, a seca extrema de 2024, semelhante a de 2020, deixou o Pantanal mais vulnerável à incidência e propagação dos focos de fogo. Para se ter ideia, segundo o Monitor do Fogo, somente em dezembro 7,6 mil hectares foram queimados na região, sendo 72% concentrados na classe de vegetação campestre.

 

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