Por André Garcia
Nas últimas quatro décadas a devastação no Brasil chegou a 96 milhões de hectares de vegetação nativa. Na Amazônia, bioma mais prejudicado, a conversão do território para construção de cidades ou para o desenvolvimento de atividades agropecuárias, por exemplo, foi de 52 milhões de hectares, o que equivale ao tamanho da França.
Segundo análise inédita do MapBiomas, que considera os registros entre 1985 e 2022, no Cerrado, as atividades agropecuárias agora ocupam metade do bioma (50%); em 1985, era um pouco mais de um terço (34%). No Pantanal, saltou de 5% para 15%, no Pantanal, no período.
Lançada nesta quinta-feira, 31/08, a pesquisa aponta ainda que a porcentagem de vegetação nativa em todo o País caiu de 75% para 64%.
Neste contexto, vale destacar que atualmente o arco do desmatamento na Amazônia se sobrepõe a um polo de forte expansão agrícola entre os estados do Amazonas, Rondônia e Acre, conhecido como Amacro. Na região, o uso do solo para agropecuária aumentou 10 vezes nos últimos 38 anos, chegando a 5,3 milhões de hectares, que equivalem a 21% do território.
Código Florestal
Outra constatação importante é que a devastação acelerou na última década, depois da aprovação do Código Florestal Brasileiro. Para se ter ideia, cinco anos antes da aprovação da lei (2008-2012) houve uma perda de 5,8 milhões de hectares, enquanto nos cinco anos seguintes (2013-2018), o número saltou para 8 milhões.
Já entre 2018 e 2022, estes índices alcançaram os 12,8 milhões de hectares, um aumento de 120% em relação a 2008-2012. Diante disso, o coordenador geral do MapBiomas, Tasso Azevedo, destaca o contraste entre os dados e o compromisso do Brasil de zerar o desmatamento até o final desta década.
“O período de maior perda foi aquele imediatamente antes da aprovação do Código Florestal em 2012. Mas desde então a perda se acelerou ainda mais. Estamos nos distanciando, em vez de nos aproximar do objetivo de proteger a vegetação nativa brasileira”, disse.
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