A Amazônia teve 33.116 focos de incêndio em agosto, o maior número para o mês desde 2010, quando 45.018 focos foram registrados. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, 1/9, pelo Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O índice também está acima da média histórica para o mês (26.299) e mais do que o quádruplo do registro para o período em 2011 (8.002), o menor da história, calculada a partir de 1998.
No Mato Grosso, o registro de focos de calor aumentou 301,24% no intervalo de um mês. Em agosto, o Aqua Tarde, satélite de referência do Inpe, identificou 7.699 ocorrências contra 1.919 ocorrências de julho.
Agosto também supera em registros o mesmo mês de 2021, que apontou 6.617 ocorrências. Ou seja: crescimento de 16,35% de um ano para o outro. Além disso, nosso Estado também aparece com destaque negativo ao ter Colniza como uma das dez cidades recordistas em focos de incêndio.
Qualidade do ar
De acordo com reportagem do G1, o número de queimadas no Brasil é tão alto – o maior já registrado em qualquer um dos meses dos últimos cinco anos, desde setembro de 2017, quando foram identificados 36.569 focos – que, segundo o programa de monitoramento ambiental Copernicus, da União Europeia, afetou “seriamente” a qualidade do ar na América do Sul.
Na imagem abaixo feita por um satélite do projeto, é possível ver os altos níveis de monóxido de carbono (CO, gás que é liberado por queimadas) para a região entre 20 e 24 de agosto.
Foto: União Europeia, imagens do Copernicus Sentinel-5P
Para Suely Araújo, especialista sênior em políticas públicas do Observatório do Clima, o resultado de todos os índices é desastroso: “Muita degradação ambiental, morte da fauna silvestre, doenças respiratórias na população nas diferentes faixas etárias”.
“Os incêndios florestais na Amazônia estão batendo recordes neste ano em uma combinação de seca, explosão do desmatamento – impulsionada por um governo federal ecocida que vê a política ambiental como mero entrave a ser afastado – e uso inadequado do fogo associado ao próprio desmatamento”, disse Araújo, que também foi ex-presidente do Ibama, ao site.