Por André Garcia
Pela primeira vez em meses os alertas de desmatamento no Cerrado apresentaram redução. No bioma, que vinha quebrando recordes consecutivos de devastação, houve perda de 295,9 km² de vegetação nativa em janeiro deste ano, 33% a menos que o registrado em janeiro de 2023, quando a taxa chegou a 440,5 km².
Dados levantados nesta sexta-feira, 9/2, no sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mostram que em janeiro os índices também melhoraram na comparação com dezembro, com queda de 35%. Desde julho, este é o primeiro mês em que os números melhoram.
De acordo com a plataforma, a região do MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), continua respondendo pelo maior índice de desmate: 70% do total no período, ou 208,05 km².
Já o Centro-Oeste responde por 21% do total (62,02 km²), com perdas de 26,86 km² em Mato Grosso, 19,12% em Goiás, 15,87 km² em Goiás e 0,17 km² no Distrito Federal. Na região, o top três de desmatadores é formado por Paranatinga (MT), com 8,21km², Tangará da Serra (MT) com 3.7 km² e São Félix do Araguaia (MT), com 2,71 km ².
Melhora esperada
O início do ano normalmente tem melhora nos números de desmatamento, já que a temporada de chuvas em ambas as regiões dificulta a derrubada da mata. A maior incidência de nuvens também dificulta a captura de imagens pelos satélites que alimentam o Deter.
No cerrado, a cobertura de nuvens registrada pelo Inpe chegou a 39%, enquanto na Amazônia ficou em 31%. Assim, é possível que áreas desmatadas que não tenham sido registradas agora venham a ser contabilizadas nos próximos meses.
Amazônia
Os alertas de desmatamento também tiveram queda na Amazônia, que vem de uma tendência de redução. Em janeiro, foram perdidos 118,8 km² de vegetação nativa, 29% em relação ao registrado no mesmo mês do ano passado, quando o índice ficou em 166,5 km². Em comparação com dezembro, a redução foi de 32%.
Em novembro, os dados do Prodes mostraram que, de agosto de 2022 a julho de 2023, foram perdidos 9.001 km² de floresta amazônica, uma redução de 22,3% na comparação com o período anterior. No mesmo período, o cerrado perdeu 11.011,6 km² de vegetação nativa, representando uma alta de 3%.
O Deter mapeia e emite alertas de desmate com o objetivo de orientar ações do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e outros órgãos de fiscalização. Os resultados representam um alerta precoce, mas não são o dado fechado do desmatamento.
Os números oficiais são de outro sistema do Inpe, o Prodes, mais preciso e divulgado anualmente.
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