Por André Garcia
A área ocupada pela cultura da soja passou de 4,5 milhões para 39,4 milhões de hectares entre 1985 e 2022 no Brasil, um avanço que atingiu a vegetação nativa de todos os biomas entre 1985 e 2022. Para além da ameaça à Amazônia e ao Cerrado, conhecidos como fronteiras agrícolas, esta expansão também representa riscos ao Pantanal.
Isso porque a produção do grão está mudando o perfil econômico da região, que historicamente sempre teve a pecuária pantaneira, desenvolvida sobre campos nativos, como a principal atividade rural. A análise faz parte de levantamento inédito do MabBiomas publicado nesta quinta-feira, 31/8.
“O Pantanal e o Pampa são exemplos de biomas naturalmente aptos para a pecuária, pois seus campos são como pastagens naturais. Nos dois casos, o avanço da soja representa uma degradação do bioma”, alerta Marcos Rosa, coordenador técnico da instituição.
A pesquisa mostra que os campeões da expansão da oleaginosa são o Cerrado, com 18 milhões de hectares ocupados, e a Amazônia, com 5.8 milhões. Considerando o agronegócio de modo geral, na Amazônia, a área ocupada saltou de 3% para 16%; no Cerrado de 34% para 50% e no Pantanal, de 5% para 15% em 38 anos.
Outro dado alarmante para a região diz respeito à água e aos campos alagados que caracterizam o ecossistema. Em 1985 o Pantanal tinha 47% de água e campos alagados; na última cheia, em 2018, a inundação alcançou 36% do bioma e, em 2022, apenas 12% do bioma foram mapeados como água e campos alagados.
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