Por André Garcia
O Pantanal queimou 9 milhões de hectares nas últimas quatro décadas e é o bioma brasileiro mais prejudicado pelo fogo proporcionalmente. Dados divulgados pelo MapBiomas nesta terça-feira, 18/6, mostram que, embora o número seja 4,5% dos 199,1 milhão de hectares queimados no País, ele representa 59,2% de todo o ecossistema.
De acordo com o relatório, o Pantanal, mesmo sendo adaptado ao fogo, enfrenta incêndios intensos principalmente devido às secas prolongadas. Assim, em função das dificuldades de contenção das queimadas, qualquer foco pode gerar impactos significativos na fauna e flora locais.
Só em 2023, foram mais de 600 mil hectares queimados, sendo 97% das ocorrências registradas entre setembro e dezembro. Desde então, a região enfrenta uma seca extrema, que se estende ao longo de 2024 e já resulta em aumento de mais de 1000% nos focos de incêndio, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Pantanal mais seco
Doutor em Ciências e pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Pantanal), em Corumbá, Carlos Padovani explica que desde 2018 o bioma passa por períodos de estiagem cada vez mais longos e adversos, resultado das mudanças climáticas em todo o mundo.
Diante disso, é grande a possibilidade de que os dados do próximo relatório do MapBiomas Fogo sejam ainda piores.
“O Pantanal tem ciclos, épocas que passam realmente por esses períodos de estiagem. Desde 2018, teve início um novo ciclo de estiagem. Em 2023 foi um pouco atípico neste sentido, já teve um pouco mais de chuva, o rio chegou a níveis normais. Mas esse ano, vai ser bem acentuado, extremo de seca e a preocupação é que os níveis do rio Paraguai fiquem mais baixos do que em 2020 e 2021”, diz Padovani em publicação da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul (Semadesc).
Alerta
Diante da situação, o Governo Federal criou uma Sala de Situação para monitorar a questão. O objetivo é dar uma resposta antecipada ao que as queimadas poderão exigir das administrações federal e locais nos próximos meses. A estratégia foi anunciada na sexta-feira, 14/6.
“Ministério de Fazenda, Gestão, Planejamento e Casa Civil estão tomando providência para garantir recursos ordinários das nossas operações. A demanda foi feita à Junta Orçamentária que está fazendo sua avaliação”, disse a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.
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