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Brasil pode reduzir emissão de metano em 36% até 2030

Brasil pode reduzir emissão de metano em 36% até 2030Práticas já conhecidas e utilizadas devem ser feita em larga escala. Foto: CNA

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O Brasil pode reduzir suas emissões de metano em 36% até 2030 em relação aos níveis de 2020 apenas ampliando políticas e medidas já existentes na agropecuária, no setor de energia, no saneamento e no controle do desmatamento. A conclusão é de um cálculo inédito apresentado pelo Observatório do Clima.

Num novo relatório do SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa), a rede aponta que o Brasil tem condições de adotar para si uma meta de corte de metano maior do que os 30% propostos para 2030 pelo Compromisso Global do Metano, um acordo voluntário assinado em 2021 em Glasgow por cerca de 120 países.

Mas o potencial brasileiro é ainda maior: no longo prazo, com políticas mais profundas e maior investimento, o potencial do país é de reduzir as emissões desse potente gás de efeito estufa em até 75%.

Medidas

Entre as medidas para reduzir as emissões até 2030 para 13,75 milhões de toneladas, ou 36,5% de corte — meta proposta pelo OC ao Brasil – estão:

  • zerar o desmatamento com indícios de ilegalidade, algo com que o governo brasileiro já havia se comprometido.
  • erradicar os lixões, a eliminação gradual da deposição em aterros sanitários e o aproveitamento de 50% do biogás nos aterros.
  • No setor de agropecuária, as práticas mapeadas são o manejo dos dejetos animais, a eliminação da queima da palha da cana — já uma realidade no Estado de São Paulo, maior produtor nacional —, o melhoramento genético do rebanho bovino e a chamada terminação intensiva, como é conhecido o abate precoce com engorda acelerada dos animais.

Ganhos econômicos

De acordo com Tasso Azevedo, coordenador técnico do SEEG, o que chama atenção nas políticas e medidas mapeadas nesse estudo é que todas elas trazem ganho econômico.

“São iniciativas que o poder público ou os produtores rurais, no caso da agropecuária, já deveriam estar fazendo em grande escala, porque se trata de práticas já conhecidas e utilizadas. Agora temos, pela primeira vez, um mapa do caminho para a aplicação dessas práticas e mostramos que o Brasil pode ser ainda mais ambicioso do que o compromisso global e ganhar dinheiro com isso”, afirma.

Renata Potenza, coordenadora de projetos em Clima e Emissões do Imaflora, afirma o relatório evidencia como cada tecnologia já conhecida da agropecuária brasileira, “se aplicada de forma eficiente e sustentável, pode impactar positivamente e reduzir as emissões vistas hoje e futuramente no meio ambiente de maneira geral”.

“A maior parte das emissões de uso da terra vêm de queimadas associadas ao desmatamento, em especial na Amazônia. Elas fazem mal ao clima e à saúde, e o país só perde com elas. Este estudo fornece ainda mais um motivo para zerarmos o desmatamento o quanto antes: além de ajudar o clima no longo prazo, reduzindo emissões de CO2, isso ainda ajuda a estabilizar a temperatura no curto prazo, com o corte nas emissões de metano”, disse Bárbara Zimbres, pesquisadora do Ipam.

Mais perigoso, menos durável

O metano (CH4) é o segundo maior responsável pelo aquecimento global. Cada molécula desse gás esquenta o planeta 28 vezes mais do que uma molécula de dióxido de carbono (CO2) num prazo de cem anos. Em 20 anos, esse potencial de aquecimento é ainda maior: 80 vezes. Quase metade do aumento de temperatura global observado hoje se deve às emissões desse gás.

Apesar de mais perigoso, o metano é produzido em quantidades muito menores do que o gás carbônico: a humanidade emitiu 52 bilhões de toneladas de CO2 em 2020, contra 364 milhões de toneladas de metano. O CH4 também dura bem menos na atmosfera — menos de 20 anos, contra mais de 100 anos do CO2.

Essa meia-vida mais curta torna o metano um bom alvo para estratégias de combate a emissões que ajudem a humanidade a ganhar tempo para frear o aquecimento global agora e se livrar gradualmente dos combustíveis fósseis. Isso ajudaria a manter viva a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5oC neste século.

Fonte: Observatório do Clima

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