Por André Garcia
O Brasil queimou 199,1 milhões de hectares nos últimos 39 anos, o que significa que quase um quarto (23%) de seu território foi atingido pelo fogo pelo menos uma vez. De acordo com dados do MapBiomas divulgados nesta terça-feira, 18/6, a cada ano, uma média de 18,3 milhões de hectares são consumidos pelas chamas.
Este é o relatório mais recente publicado pela entidade, que aponta que os incêndios atingiram por mais de uma vez cerca de 65% da extensão total queimada no País, sendo o Cerrado o bioma onde a destruição ocorre com mais recorrência.
Neste cenário, apenas três estados, Mato Grosso, Pará e Maranhão, respondem juntos por 46% de toda a área queimada ao longo do período. Entre os municípios, os piores índices dizem respeito a Corumbá (MS), no Pantanal, São Félix do Xingú (PA), na Amazônia, e Formosa do Rio Preto (BA), no Cerrado.
Em todo o País, 60% dos casos foram registrados em imóveis privados, mais de dois terços (68,4%) atingiu vegetação nativa e aproximadamente um terço (31,6%) diz respeito a regiões antropizadas, àquelas que foram alteradas pela ação humana como nos casos de abertura de pasto e agricultura.
Padrão histórico
Lançados às vésperas da estação seca, os números traçam um padrão histórico das ocorrências, reforçando um alerta sobre o que os próximos meses reservam. Isso porque é entre julho e outubro que são registrados 79% das queimadas, sendo que somente o mês de setembro responde por um terço deste valor (33%).
O relatório constatou ainda que as maiores queimadas costumam ocorrer em anos do fenômeno climático La Niña, que, como já mostramos, começará a atuar sobre o clima a partir do mês que vem. Diante desses padrões, a expectativa é que o poder público identifique as áreas de maior risco e estabeleça ações mais eficientes de combate.
Cicatrizes de fogo
O MapBiomas também traz o tamanho das cicatrizes deixadas pelo fogo, ou seja, a área afetada por um único evento. Danos entre 10.000 e 50.000 hectares predominam no Pantanal, seguido pelo Cerrado, onde a maioria das áreas varia entre 1.000 e 5.000 hectares, e pela Amazônia, que concentra cicatrizes entre 100 e 500 hectares.
Consideradas por especialistas como um tipo de degradação ambiental, as cicatrizes de fogo denominam uma região que perdeu toda ou parte de sua vegetação nos incêndios. Nestes casos, a paisagem apresenta marcas visíveis, como mudanças na cor e textura da vegetação ou da pastagem.
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