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Brasil tem alta de 119% na área queimada e deslocamento de focos entre os biomas

Brasil tem alta de 119% na área queimada e deslocamento de focos entre os biomasEm junho as chamas se concentraram no Cerrado e no Pantanal. Foto: Fernando Donasci/MMA

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Por André Garcia

A área atingida pelas queimadas mais que dobrou no Brasil e atingiu 4,48 milhões de hectares entre janeiro e junho deste ano. Segundo dados do Monitor do Fogo do MapBiomas, divulgados nesta sexta-feira, 12/7, o número representa aumento de 119% em relação ao mesmo período de 2023.

De acordo com o levantamento, os registros se deslocaram ao longo destes seis meses, uma vez que estavam concentrados na Amazônia no início do ano, tendo explodido no Cerrado e no Pantanal a partir de junho.

Neste cenário, a Amazônia foi o ecossistema com a maior área consumida pelas chamas, com 2,97 milhões de hectares, uma alta de 66%. O ranking segue com o Cerrado, com 947 mil hectares e Pantanal, com 468 mil hectares, altas de 48% e 529% respectivamente.

“No início de 2024, observamos uma concentração significativa de incêndios na Amazônia, especialmente nas áreas de vegetação campestre de Roraima, que enfrentou um período de seca nos primeiros meses do ano. Esse fenômeno foi intensificado pelas condições climáticas mais secas resultantes do El Niño, afirmouFelipe Martenexen, pesquisador do IPAM responsável pelo mapeamento da Amazônia no Monitor do Fogo.

Contudo, segundo a pesquisadora no IPAM e coordenadora técnica do Monitor do Fogo, Vera Arruda, em junho, as chamas se concentraram no Cerrado e no Pantanal, regiões onde historicamente a temporada de fogo estaria começando agora, devido à redução das chuvas e ao aumento das temperaturas.

“No Cerrado, é comum queimar mais durante esta época por causa da estiagem, porém a área queimada no primeiro semestre no bioma foi a maior dos últimos seis anos monitorados. Já no Pantanal, a temporada de fogo começou mais cedo do que o esperado, intensificando os desafios para a gestão do fogo “, diz ela.

Ranking dos estados

Assim, no primeiro semestre os estados com mais áreas queimadas no país foram: Roraima, com 2 milhões de hectares, o que representa 44% do total queimado no Brasil; Pará, com 535 mil hectares, e Mato Grosso do Sul, com 470 mil hectares. Juntos, os três representaram 67% do total da área afetada pelas chamas no semestre.
Recordes no mês de Junho

Em junho 1,1 milhão de hectares foram queimados no país – número 103% maior do que o mesmo período do ano passado (560 mil hectares a mais). Desse total, 81% da área queimada foi em vegetação nativa – a maioria em formação campestre (46%). Nas áreas de uso agropecuário, 11% das áreas atingidas pelas chamas em junho foram em pastagens.

Com relação aos estados, os que mais queimaram no período, a lista é composta por: Mato Grosso do Sul (369 mil hectares), Tocantins (229 mil hectares) e Mato Grosso (202 mil hectares), com destaque para os municípios de Corumbá (MS), Tangará da Serra (MT), e Porto Murtinho (MS).

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